O líder norte-coreano recebeu com um abraço o presidente da Coreia do Sul na pista do aeroporto de Sunan, em Pyongyang, com quem realizará uma reunião de três dias, na qual se esperam avanços no dossiê da desnuclearização.
Acompanhada pela primeira dama norte-coreana, Ri Sol-ju, Kim Jong-un recebeu Moon Jae-in nos degraus de seu Boeing 747 presidencial.
Moon e a primeira-dama sul-coreana, Kim Jong-sook, saudaram a multidão assim que a porta do avião se abriu, na pista de Sunan e, depois de descer a escada, os líderes das duas coreias se abraçaram, um gesto que mereceu aplausos daqueles que marcaram presença no aeroporto.
Os líderes das duas Coreias voltam a se reunir, entre esta terça e quinta-feira, no Norte, em uma tentativa de desbloquear o diálogo entre o regime de Kim Jong-un e os Estados Unidos para a desnuclearização da península.
O líder norte-coreano, Kim Jong-un, tem pedido progressos na assinatura de um tratado de paz que coloque fim ao estado de guerra que tecnicamente se mantém na península. Em troca, se comprometeria em executar passos concretos para desmantelar seu arsenal nuclear e de mísseis, como exigem os Estados Unidos.
A Guerra da Coreia (1950-53) terminou com a assinatura de um armistício, que Kim pretende agora ver substituído por um tratado de paz.
Washington já deu a entender que precisa de mais garantias, como a autorização de Pyongyang para a entrada de inspetores ou a divulgação dos inventários de armas, antes de começar a elaborar um acordo de paz e de fim das sanções que pesam sobre o regime.
Para o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, a Coreia do Norte “tem vontade de efetuar a desnuclearização” e os Estados Unidos estão prontos para acabar com as relações hostis. O encontro de Kim e Moon é o terceiro desde o final de abril, o que confirma um clima excepcional de distensão na península.
O objetivo é dar um novo impulso às negociações entre Washington e Pyongyang sobre o processo de desnuclearização, há várias semanas em impasse.
Desnuclearização
Moon Jae-in admitiu, na quinta-feira passada, a existência de bloqueios e afirmou que os dois lados precisam definir compromissos para avançar na questão-chave dos programas nuclear e de mísseis do Norte.
“A Coreia do Norte tem vontade de efetuar a desnuclearização e, portanto, se desfazer das suas armas nucleares e os Estados Unidos têm vontade de pôr fim às relações hostis com o Norte e de dar garantias de segurança”, declarou o presidente sul-coreano, no final de uma reunião com seus conselheiros.
“Mas há bloqueios, pois cada lado exige ao outro que atue primeiro. Penso que vão estar em condições de encontrar um ponto de compromisso”, declarou.
O clima de reconciliação na península começou em junho, em Cingapura, com a cúpula histórica entre Kim e o presidente norte-americano, Donald Trump, durante a qual o líder norte-coreano se comprometeu em trabalhar em prol da desnuclearização da península.
Para Washington, a desnuclearização deve ser “definitiva e inteiramente verificada”.
Moon, que contribuiu para a concretização do encontro em Cingapura e incentivou os dois lados a realizarem um novo encontro, indicou que a Coreia do Sul ajudaria novamente Washington e Pyongyang a conversarem para “acelerar o processo de desnuclearização”.
Na segunda-feira passada, a Casa Branca anunciou que Trump tinha recebido uma carta de Kim sobre a organização de uma nova reunião entre os dois.
Em antecipação da cúpula de Pyongyang e sinal de aproximação entre os dois vizinhos coreanos, foi aberto na sexta-feira (14) um gabinete de ligação para facilitar as trocas transfronteiriças, melhorar as relações entre o Norte e os Estados Unidos e diminuir as tensões militares.
Desde o final de abril e do primeiro encontro intercoreano em Panmunjom, na Zona Desmilitarizada (DMZ), que divide a península, os dois países procuraram multiplicar os projetos em conjunto em vários domínios, ao contrário dos esforços norte-americanos para obter progressos tangíveis no dossiê nuclear, até aqui em impasse.
Ciberia, Lusa // ZAP