As autoridades chinesas investigam a morte de 6 mil peixes da espécie esturjão chinês, que está em perigo de extinção, supostamente devido à construção de um complexo ecoturístico próximo de uma zona de criação.
Cerca de 6 mil peixes morreram em uma zona de exploração pescatória, em Jingzhou, na província de Hubei, centro da China. O gabinete provincial para as pescas afirmou que as mortes estão “diretamente relacionadas com os sobressaltos, ruídos e variações nos recursos hídricos”, causados pela construção da zona de ecoturismo de Jinan.
As obras, anunciadas em 2016, ficaram marcadas por desentendimentos entre o governo local e a promotora, que frente à falta de um acordo compensatório recusou alterar a localização do complexo turístico.
Um dos responsáveis pela área de criação afirmou que as obras foram transferidas para um terreno ainda mais próximo, o que provocou nos peixes uma “angústia crescente” e a contaminação do lago que utilizavam como fonte de água.
O ministério chinês da Agricultura apelou às autoridades que façam tudo o que estiver ao alcance para garantir a segurança da espécie.
Considerado um “tesouro nacional”, como o panda, o esturjão chinês encontra-se em perigo de extinção, devido à poluição, pesca excessiva e construção de barragens. A espécie, com origem no Yangtzé, o maior rio na Ásia, é um dos seres vivos mais antigos do planeta. Estima-se que exista há 140 milhões de anos, desde o período do cretáceo, quando havia ainda dinossauros na Terra.
A China lançou, nos anos 1980, um programa para criação em cativeiro, quando restavam apenas 200 exemplares em liberdade. No entanto, a sobrevivência do esturjão chinês no Yangtzé continua um desafio.
Em 2005, as autoridades chinesas libertaram mais de 10 mil filhotes e 200 exemplares adultos, criados em cativeiro, mas passados dois anos, apenas 14 restavam no rio.
O esturjão chinês, que pode ter até cinco metros de comprimento, e muito vulnerável ao ruído, condições do meio ambiente e feridas causadas pelos barcos, poderá desaparecer, como aconteceu com o golfinho do Yangtzé, em 2007.
Ciberia, Lusa // ZAP