Inversão do campo magnético da Terra pode acontecer mais rápido do que se pensava

NASA Goddard / Flickr

Conceito artístico do campo magnético da Terra

Um estudo recente mostra que a polaridade magnética da Terra pode se inverter mais rapidamente do que pensávamos, o que poderá ameaçar importantes infraestruturas terrestres e espaciais.

A inversão dos polos magnéticos da Terra, um fenômeno que eventualmente poderia nos privar quase por completo de proteção frente à radiação cósmica e ter consequências imprevistas no planeta, pode ser mais frequente do que se pensava.

Quem diz é uma equipe internacional composta por pesquisadores da Austrália, da China e de Taiwan e cujos resultados foram publicados, esta semana, nos Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

Depois de analisar antigas formações rochosas de cavernas no sul da China, a equipe descobriu da mesma forma que a polaridade do planeta pode mudar muito mais rapidamente do que o geralmente aceito.

Vários estudos científicos mostraram anteriormente que, ao longo da existência da Terra, os polos magnéticos se inverteram várias vezes, com pelo menos uma inversão completa há cerca de 773 mil anos.

Através da análise magnética e datação radiométrica, os cientistas foram capazes de seguir o rastro à história geomagnética do planeta durante um período de 16 mil anos. O novo estudo mostrou que, há 98 mil anos, a polaridade foi invertida ao longo de apenas alguns séculos, o que é 30 vezes mais rápido do que se pensava anteriormente.

A equipe também conseguiu descobrir que a força do campo magnético da Terra, que atua como um protetor contra as radiações espaciais nocivas, diminuiu quase dez vezes quando ocorreram tais mudanças na polaridade magnética.

“A radiação pode danificar as células, gerar o aparecimento de câncer e ‘fritar’ os circuitos eletrônicos e as redes elétricas”, explica Alanna Mitchell, jornalista especializada em ciência em entrevista publicada, em abril deste ano, na revista Business Insider.

No entanto, os geólogos que realizaram a pesquisa estimam que a alteração tão drástica não vai acontecer a curto prazo e defendem que a humanidade terá tempo para se preparar.

Por sua vez, em maio deste ano, um outro estudo na mesma revista científica explicou que o campo magnético pode não se inverter. Um enfraquecimento gradual tem criado preocupações, mas os cientistas afirmam que o planeta já enfrentou um estado semelhante antes, sem inversão do campo magnético.

Atualmente, o norte magnético está muito próximo do Polo Norte, enquanto o sul magnético está muito próximo do Polo Sul. Tem sido assim durante os últimos 780 mil anos – a última vez que o campo geomagnético se inverteu completamente.

Mas o campo tem sofrido um enfraquecimento de cerca de 5% por século desde que os cientistas começaram a fazer observações diretas em 1840. Além disso, observações indiretas sugerem que o enfraquecimento ocorre há pelo menos 2 mil anos.

Uma área fraca chamada de Anomalia do Atlântico Sul, que se estende desde a África do Sul até o Chile, tem sido apontada como o potencial marco zero para a inversão.

Ciberia // ZAP

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