Segundo R. Douglas Fields, pesquisador de desenvolvimento e plasticidade do sistema nervoso nos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, em breve, tecnologias como leituras elétricas e estimulação elétrica do cérebro poderão nos ajudar a diagnosticar e tratar diversas condições mentais.
Enquanto isso representa uma evolução e um avanço enorme para a medicina, existem também diversas questões éticas envolvidas com essas técnicas de leitura e controle mentais.
A habilidade de manipular a atividade elétrica do cérebro humano pode ser uma revolução no diagnóstico e tratamento de doenças mentais do mesmo nível que a bioquímica foi para o diagnóstico de diversos fatores de risco e doenças corporais.
Por exemplo, quando você vai ao médico, ele pode lhe pedir um exame de sangue para determinar a saúde de seu corpo. Se você descobre que possui colesterol alto, o médico pode lhe informar que este é um fator de risco para derrame e lhe explicar que medidas você pode tomar para diminuir esse risco.
De maneira semelhante, o monitoramento de apenas alguns minutos de atividade cerebral pode revelar muitas coisas sobre nossa saúde mental, desde doenças neurológicas até habilidades cognitivas até doenças mentais, como déficit de atenção e hiperatividade e esquizofrenia.
O problema é como aplicar esse conhecimento. Para o diagnóstico ou tratamento de alguma condição, é certamente excelente. Mas existem algumas fronteiras perigosas. Por exemplo, padrões de atividade elétrica no cérebro também podem revelar se a cognição de uma pessoa é normal ou anormal.
Fields explica que analisar a mente através das ondas elétricas captadas por uma touca de eletroencefalograma pode levar a várias descobertas: pode servir para medir o QI de uma pessoa, para identificar seus fortes e fracos cognitivos, para identificar traços de personalidade e até para determinar a aptidões de aprendizado.
Por exemplo, a atividade elétrica de uma criança em idade pré-escolar pode ser usada para predizer quão bem ela será capaz de ler quando for à escola.
Em seu livro “Electric Brain” (em tradução literal, “Cérebro Elétrico”), Fields conta que ele mesmo foi submetido a esse tipo de teste e, depois de ter suas ondas cerebrais registradas usando eletroencefalograma por apenas cinco minutos, o neuropsicológico Chantel Prat, da Universidade de Washington (EUA), lhe disse que aprender uma língua estrangeira seria difícil para o cientista por conta de ondas beta fracas em uma parte específica de seu córtex, responsável pelo processamento de linguagem.
De fato, Fields já estudou alemão e espanhol, mas não conseguiu dominar nenhuma dessas línguas e não pode falá-las.
Até aí, tudo bem. Mas como essa forma de “leitura cerebral” poderá influenciar a vida das pessoas, suas escolhas de educação e carreira, caso se torne corriqueira? É isso que ainda não sabemos.
Um estudo conduzido pelo neurocientista Marcel Just e seus colegas da Universidade Carnegie Mellon (EUA) utiliza ressonância magnética para decifrar os pensamentos de uma pessoa através de padrões complexos de atividade cerebral.
Eles podem determinar, através apenas da leitura da atividade cerebral de uma pessoa, em qual número ela está pensando ou qual emoção está sentindo, por exemplo.
Essa pesquisa tem diversas implicações. Just e sua equipe podem prever se uma pessoa está pensando em se suicidar somente ao analisar como seu cérebro responde a palavras como “morte” e “felicidade”.
// HypeScience