A Organização Mundial de Saúde reconheceu na segunda-feira (18) o vício em videogame como um transtorno de saúde mental. Os gamers dormem pouco, pulam refeições e faltam ao trabalho.
Para os peritos de classificação de doenças da OMS, um transtorno é “um padrão de comportamento persistente e recorrente de jogo”, que se torna tão abrangente que “ganha prevalência sobre outros aspectos da vida, de acordo com a rádio portuguesa Renascença.
Em situações extremas, os amantes de videogames e jogos online passam cerca de 20 horas por dia “agarrados ao console ou ao computador, refere Shekhar Saxena, especialista da OMS em saúde mental e abuso de substâncias.
Os gamers dormem muito pouco, pulam refeições e faltam ao trabalho e a outras atividades cotidianas. Apenas uma minoria dos jogadores desenvolve o problema, explica Shekhar Saxena, mas a detecção precoce dos sintomas pode ajudar a prevenir que a situação se agrave.
“Trata-se de um comportamento ocasional e transitório”, refere o especialista, para quem o distúrbio só deve ser confirmado se o comportamento de adição extrema em videogames persistir durante cerca de um ano.
O novo diagnóstico foi proposto por Vladimir Poznyak, membro do Departamento de Saúde Mental e Abuso de Substâncias da OMS. “Não estou criando um precedente”, disse à CNN, explicando que a organização seguiu “as tendências, os desenvolvimentos que ocorreram nas populações e no campo profissional”.
A maior parte das intervenções e tratamentos para o transtorno causado pelos videogames são “baseadas em princípios e métodos de terapia comportamental e cognitiva”. Os diferentes apoios passam por “intervenções psicológicas: apoio social, compreensão da condição e apoio da família”.
A OMS anunciou a classificação da dependência em videogames na 11ª edição do relatório Classificação Internacional de Doenças.
“Prematuro”
No entanto, nem todos os psicólogos concordaram com a classificação. Anthony Bean diz que “é um pouco prematuro rotular os videogames como um diagnóstico. Sou clínico e pesquisador e, por isso, vejo pessoas que jogam e acreditam estar viciados”.
Segundo Bean, as pessoas recorrem aos videogames “como um mecanismo para lidar com a ansiedade ou com a depressão.” O psicólogo acrescenta ainda que os critérios usados pela OMS são “muito vagos”, por isso, diagnosticar uma pessoa com essa doença seria baseado em uma “experiência muito subjetiva”.
“Não é boa ideia seguir com este diagnóstico porque abre portas para que qualquer coisa seja identificada como doença”, concluiu.
A OMS espera que a inclusão do transtorno possa estimular o debate e a pesquisa mais aprofundada, bem como a colaboração internacional.
Já em 2017, a New Scientist informava que o vício por videojogos deveria ser incluído pela primeira vez na edição de 2018 do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.
Ciberia // ZAP