A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) anunciou ser contra o uso da cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento da covid-19, dizendo ser “urgente e necessário” esses medicamentos antimalária serem inteiramente abandonados no tratamento da covid-19.
Citando estudos recém-publicados em revistas científicas, a organização médica alertou que o fármaco não deve ser recomendado ou utilizado em nenhuma fase da infeção, nem para sua prevenção. No comunicado divulgado nesta sexta-feira (17/07), ela aconselha o Ministério da Saúde, municípios e estados a avaliarem as indicações de uso das drogas, evitando gastar “dinheiro público em tratamentos que são comprovadamente ineficazes”.
Questionado sobre essa posição, em coletiva de imprensa o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, Hélio Angotti Neto, rebateu que o governo brasileiro recebeu várias manifestações e estudos por organizações e especialistas, favoráveis e contrários ao uso da cloroquina, e que leva em consideração todas as informações enviadas.
Angotti Neto criticou o que chamou de “politização” do debate em torno da cloroquina no tratamento da covid-19: “Há uma série de inconsistências nestas críticas e lamentamos muito esta polarização. A polarização tem gerado desconforto entre pacientes e médicos. Eu novamente peço, vamos respeitar a competência dos nossos profissionais de saúde, vamos respeitar o direito deles de prescrever e o direto do paciente de procurar aquele tratamento que entende ser correto.”
Substâncias polêmicas
Segundo o site de notícias G1, em 29 de junho o Ministério da Saúde enviou um ofício à Fiocruz e a outras instituições federais, pedindo ampla divulgação do tratamento da covid-19, com o uso da cloroquina nos primeiros dias dos sintomas.
A orientação foi enviada quando estudos já haviam concluído que a cloroquina não é eficaz no combate à doença.
Os pesquisadores ficaram surpresos ao receber a orientação do ministério. No documento, o órgão pede “ampla divulgação do tratamento, considerando que ele integra a estratégia do Ministério da Saúde para reduzir o número de casos que cheguem a necessitar de internação hospitalar”. Assim, seria essencial “considerar a prescrição de cloroquina ou hidroxicloroquina, mediante livre consentimento esclarecido do paciente com covid-19, para tratamento nos primeiros dias dos sintomas, no âmbito do SUS”.
O ofício é assinado pelo coronel do Exército Luiz Otavio Franco Duarte, secretário de Atenção Especializada à Saúde, que não é médico, informa o G1.
Dentro de seu programa de avaliação do efeito de cinco grupos de medicamentos contra o vírus Sars-cov-2, no início de julho a Organização Mundial da Saúde (OMS) interrompeu os testes com cloroquina / hidroxicloroquina, depois de estudos não indicarem qualquer benefício para os portadores da doença.
Segundo números do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) divulgados nesta sexta-feira, foram notificadas mais 1.163 mortes por covid-19 no Brasil em 24 horas. Com isso, o total oficial de óbitos pela doença chega a 77.851.
O país também registrou mais 34.177 casos, elevando o total para 2.046.328. Na quinta-feira, ele ultrapassara a marca de 2 milhões de casos, menos de um mês depois de registrar oficialmente o primeiro milhão.