O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou nesta quinta-feira (07/01) que o governo federal assinou contrato com o Instituto Butantan, de São Paulo, para a aquisição de 100 milhões de doses da vacina Coronavac, das quais 46 milhões devem ser entregues até abril.
O anúncio veio algumas horas depois de o governo paulista anunciar que o imunizante, desenvolvido em parceria com a chinesa Sinovac, apresentou eficácia de 78% nos testes de fase 3 feitos no Brasil. A vacina garantiu proteção total contra mortes por covid-19 e casos graves e moderados da doença que necessitem de internação hospitalar.
O pedido de registro emergencial da Coronavac deve ser enviado nesta sexta-feira (08/01) à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que tem dez dias para responder.
Em nota, o Instituto Butantan afirmou que recebeu a minuta do contrato do Ministério da Saúde e o enviou para o departamento jurídico do órgão, com o objetivo de formalizar a compra com rapidez.
As vacinas compradas pelo governo federal serão distribuídas aos estados e municípios, no âmbito do Plano Nacional de Imunização (PNI). Cada dose da Coronavac custou 58,20 reais.
“Todas as vacinas serão a partir desse momento incorporadas ao Plano Nacional de Imunização, distribuídas de forma equitativa e proporcional a todos os estados, da mesmo forma que a (vacina) da AstraZeneca”, disse Pazuello.
Total de doses compradas
A Coronavac é a segunda vacina com compra confirmada pelo governo federal, que já havia fechado acordo para a aquisição do imunizante produzido pela farmacêutica AstraZeneca e pela Universidade de Oxford, em parceria com a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz).
As primeiras 2 milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca devem ser importadas prontas da Índia ainda em janeiro, com previsão de início da vacinação em 20 de janeiro “no melhor cenário”, disse Pazuello.
A Fiocruz, que no primeiro semestre produzirá o imunizante em território nacional a partir do princípio ativo importado da China, planeja entregar ao governo federal seu primeiro lote, de 1 milhão de doses, na semana de 8 a 12 de fevereiro. A partir do final de fevereiro, a projeção é entregar 3,5 milhões de doses por semana.
Durante o segundo semestre de 2021, a Fiocruz terá o controle total da tecnologia e passará a produzir também o princípio ativo. A meta é entregar 210 milhões de doses no total neste ano.
Tanto a Coronavac como a vacina de Oxford/AstraZeneca devem ser ministradas em duas doses para atingir a eficácia máxima. Somados os dois contratos, o governo federal garantiu 312 milhões de doses, suficientes para vacinar 156 milhões de pessoas, ou 73% da população brasileira.
Na entrevista coletiva desta quinta-feira, Pazuello afirmou que a pasta ainda negocia a aquisição de vacinas de outros fabricantes. O governo também espera obter mais 42,5 milhões de doses por meio do consórcio Covax Facilty, liderado pela Organização Mundial de Saúde.
Disputa política
A Coronavac está no centro de uma disputa política entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Dória.
Em outubro, Pazuello havia anunciado um acordo para a compra de 46 milhões doses da Coronavac, logo depois revogado por Bolsonaro, que anunciou no Twitter que a vacina chinesa não seria comprada pelo governo federal.
Em 10 de novembro, Bolsonaro comemorou uma decisão da Anvisa que suspendeu temporariamente os estudos clínicos da Coronavac após a morte de um participante dos testes, que depois se mostrou não relacionada à vacina. “Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”, afirmou o presidente.
No dia seguinte, Bolsonaro indicou para assumir um assento na Anvisa o tenente-coronel Jorge Luiz Kormann, que não tem formação em saúde e, em seu perfil no Twitter, já havia manifestado críticas à Coronavac e à Organização Mundial de Saúde. Sua indicação ainda precisa ser referendada pelo Senado.
O governo paulista tem um cronograma de vacinação pronto, independente do governo federal, com início em 25 de janeiro, e um estoque de 10,8 milhões de doses da Coronavac. Outras 35 milhões de doses devem ser entregues até a primeira quinzena de fevereiro ao estado.
Ciberia // Deutsche Welle