O coração de Dom Pedro I, primeiro imperador do Brasil, chegou a Brasília. O mórbido órgão desembarcou no país atendendo aos pedidos do governo de Jair Bolsonaro, que ficou com a responsabilidade de organizar as celebrações dos 200 anos de independência brasileira de Portugal.
O órgão do monarca estava conservado há 187 anos em formol em Portugal, onde Dom Pedro I faleceu. O coração é mantido pelo sarcófago da Igreja da Lapa, no Porto.
Dom Pedro I abandonou o posto de imperador do Brasil em 1831, quando voltou às terras lusas para assumir o título de imperador português, onde cunhou seu nome de Pedro IV. Três anos depois, ele faleceu.
O imperador se tornou um símbolo da Independência do Brasil por ter sido o responsável por declarar a separação entre o Rio de Janeiro e Lisboa.
O pedido do governo Bolsonaro foi autorizado pelas autoridades do Porto, onde o órgão estava conservado e guardado. Contudo, há muita preocupação a respeito do uso do órgão no exterior. Um encarregado do governo do município português deve acompanhar o coração durante todos os seus usos para garantir a conservação sob boas condições de temperatura e pressão.
Ditadura trouxe restos mortais de Dom Pedro ao Brasil
Não é a primeira vez que isso ocorre. Em 1972, durante as celebrações de 150 anos da independência, o governo militar de Médici trouxe os ossos de Dom Pedro para as festas.
Apesar de autorizada de forma unânime, muitos portugueses estranharam a decisão do governo Bolsonaro. “Me parece algo até necrófago e nada tem ver com o futuro das novas gerações.
Principalmente, me parece que enviar o coração serve aos intentos de Bolsonaro, em plena pré-campanha eleitoral. Acho que se Dom Pedro fosse vivo, estaria dando voltas no túmulo e ia querer ficar com seu coração agarrado a si”, afirma o sociólogo João Teixeira Lopes, da Faculdade de Letras do Porto.
O governo defende o legado de Dom Pedro I. “É com satisfação que nos reunimos como parte das comemorações para receber essa relíquia que mostra a força de nosso primeiro imperador”, disse na cerimônia de apresentação do órgão o ministro Paulo Sérgio Nogueira, Ministro da Defesa do país.
O coração de Dom Pedro I deve voltar para os sarcófagos da Igreja da Lapa em 8 de setembro, um dia depois do aniversário da Independência do Brasil.
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