A Agência Espacial Europeia (ESA) informou nesta quinta-feira que nas últimas horas de vida da sonda da nave europeia Rosetta, pouco antes de aterrissar no cometa ‘Chury’, foram capturadas imagens geologicamente “incríveis” do astro.
“Foram registradas várias fotografias da fossa contígua (do lugar do pouso), com incríveis detalhes das paredes estratificadas que podem ajudar a decifrar a história geológica do cometa”, explicou a ESA em comunicado.
A agência revelou que “a última imagem” foi tomada a 20 metros antes do ponto de impacto. O comunicado detalha como transcorreram as últimas horas desta sonda, cuja missão começou em 2004 e terminou no último dia 30 de setembro com sucesso, pois colheu dados para conhecer melhor a origem da Terra e do Sistema Solar.
O aparelho se desviou a 33 metros do local programado para o impacto – uma fossa na região Ma’at, situada na cabeça de ‘Chury’ – e após o pouso coletou pó, gás e plasma realizaram suas últimas captações.
A temperatura foi outro dos detalhes interessantes coletados perto do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, uma massa de gelo, pedra e pó de 10 bilhões de toneladas e 25 quilômetros cúbicos de volume.
“Os diferentes rastreamentos revelaram temperaturas entre 190 e 110 graus Celsius abaixo de zero poucos centímetros abaixo da superfície. É muito provável que esta variação se deva a sombras e à topografia local quando a Rosetta sobrevoava o cometa”, afirmou a ESA.
A última medição da emissão de vapor de água do cometa foi realizada no dia 27 de setembro. A ESA calculou que o cometa “estava emitindo o equivalente a duas colheres de água por segundo”, embora, em seu período mais ativo, em agosto de 2015, as estimativas chegaram ao equivalente “a duas banheiras de água por segundo”.
Perto da superfície, acrescentou a ESA, também foi detectado “um aumento” de grãos de pó “muito pequenos”, “possivelmente de um milionésimo de milímetro”.
No entanto, não foram encontradas provas óbvias de pequenas acumulações de gelo perto do ponto de aterrissagem, e foi constatada a emissão de dióxido de carbono do cometa, “inclusive a maiores distâncias do que quando o cometa se aproximava do Sol”.
“Durante as últimas medições do campo magnético interplanetário e do vento solar as condições eram estáveis, com valores de fundo ‘tranquilos’, que serão importantes para a calibragem” dos dados obtidos, concluiu a ESA.
Com um orçamento de 1 bilhão de euros, a missão da sonda Rosetta é considerada uma das mais importantes da história da indústria aeroespacial europeia e na exploração do Sistema Solar e foi reconhecida em 2014 pela revista “Science” como um dos dez descobrimentos do ano.
// Agência BR