Essa é uma daquelas coisas que nós sabemos quase instintivamente – o tempo se move para frente e nunca para trás. Mas você já parou para se perguntar por que ele se move em uma direção, e não na outra?
Essa simples pergunta continua incomodando os físicos. Afinal, existem certos processos físicos que são, na verdade, reversíveis no tempo – eles parecem iguais, não importa o modo como você os executa.
Por exemplo, a gravidade opera da mesma maneira, independentemente da seta do tempo: um planeta orbitará uma estrela exatamente da mesma maneira, apenas com a direção daquela órbita invertida.
Mas há um aspecto do Universo que depende da direção da seta do tempo: a Segunda Lei da Termodinâmica. Ela afirma que a desordem de um sistema fechado (como o nosso Universo) deve aumentar, nunca diminuir.
Isso é comumente chamado de “entropia”, e é por esta razão que ovos quebrados não têm suas cascas reconstruídas de repente, ou porque coisas mortas não voltam de repente à vida. Desorganização e caos são uma descida, ordem e complexidade são subidas.
Sistemas complexos, como estrelas, planetas e seres humanos podem surgir localmente, mas requerem uma quantidade excessiva de energia para serem criados, o que só aumenta a entropia geral do sistema.
É por isso que a Segunda Lei da Termodinâmica é universalmente reconhecida como o mecanismo que dá direcionalidade ao tempo – entretanto, entender o como de uma coisa não é o mesmo que entender o porquê dela.
Conexão escura
Na tentativa de compreender as origens da Flecha do Tempo, dois físicos armênios, A. E. Allahverdyan e V. G. Gurzadyan, decidiram procurar uma ligação entre a chamada “energia escura” e a Segunda Lei da Termodinâmica.
A energia escura é uma substância misteriosa que é proposta como uma explicação para o porquê do universo continuar a se expandir, ao invés de desacelerar e desmoronar, conforme nossa atual compreensão da gravidade dita que ele deveria fazer.
Os cientistas fizeram uma simulação para testar como a órbita de um planeta mudaria, dependendo se a energia escura estivesse ausente, ou presente, como em nosso próprio Universo.
O que eles descobriram foi intrigante, para dizer o mínimo: se a energia escura está ausente, ou se a gravidade mantém o espaço unido, um planeta simplesmente orbita sua estrela da forma aceita, independentemente de o tempo correr “para a frente” ou “para trás”.
Já se a energia escura mantém o espaço, eventualmente, durante imensas escalas de tempo, o planeta é arremessado para longe da estrela completamente.
O que significa que há uma direção temporal quando a energia escura é introduzida: em uma direção, vemos um planeta escapando da gravidade de uma estrela; na outra, um planeta é capturado por uma estrela e se torna uma parte de seu sistema.
Não há nada absolutamente conclusivo sobre o estudo, que foi publicado na revista Physical Review. Os autores não estão dizendo que a energia escura é responsável pela flecha do tempo.
Mas há algo decididamente sugestivo sobre tudo isso – que a Segunda Lei da Termodinâmica e a energia escura podem ser duas facetas do mesmo fenômeno, alguma quantidade misteriosa do nosso Universo que transmite ou requer uma seta do tempo.
Então, da próxima vez que você estiver atrasado, basta colocar a culpa na energia escura. Ninguém vai poder dizer que você está errado.
// HypeScience