Agricultores franceses estão usando música como terapia para suas culturas, controlando assim pragas de fungos e vírus que poderiam arrasá-las. Um deles assegura que “salvou” suas abobrinhas graças a melodias terapêuticas criadas “sob medida” por uma empresa francesa.
O agricultor Gilles Josuan, um pequeno produtor de abobrinhas da zona de Bouches-du-Rhône, no sul da França, conta ao jornal Le Figaro que tentou de tudo para combater a praga de vírus do mosaico do tabaco que infectou seus legumes.
Mas nada resultava, até que encontrou o site da empresa Genodics SAS que se propõe a “tratar plantas com as proteínas da música”. “Não tinha nada a perder, por isso quis tentar”, disse.
“Assim que comecei a emitir música nas minhas estufas, reparei na diferença”, explica o agricultor, concluindo que, deste modo, foi possível “salvar” suas abobrinhas.
Todas as noites, Josuan transmite entre cinco a sete minutos de uma sequência musical harmoniosa, especificamente preparada pela Genodics, para os seus legumes.
“O vírus continua presente, mas é inibido pela música e meus legumes não revelam vestígios dele. Assim, posso comercializá-los novamente”, constata o agricultor.
“Taxa de sucesso de 70%”
P recurso à música terapêutica para combater vírus e fungos na agricultura está sendo usado por cerca de 130 produtores franceses, de acordo com o jornal. É usado em culturas de pêssegos, maçãs, tomates, entre outras.
Mas a terapia musical tem sido utilizada, sobretudo, nas vinhas, onde tem revelado eficácia no combate ao míldio da videira, doença provocada por um fungo que pode ter efeitos devastadores em uma produção, causando altos prejuízos.
O engenheiro que cofundou a Genodics, Pedro Ferrandiz, diz ao Le Figaro que o uso destas músicas terapêuticas em plantas tem revelado uma “taxa de sucesso média de 70%”.
Todavia, os resultados são, por enquanto, encarados com cautela pelo organismo francês de pesquisa em agronomia (Inra, na sigla original), pois não há ainda provas científicas claras de como funcionam, ou se de fato funcionam, estas melodias terapêuticas.
Método inovador se baseia no “canto da proteína”
A Genodics se apresenta no seu site como uma empresa de pesquisa, desenvolvimento e comercialização de “aplicativos de um novo conceito de biologia ondulatória” que se baseia na ideia de que “sequências de frequência de som específicas”, denominadas “proteóides”, “permitem estimular ou inibir a síntese das proteínas”.
“Precisamente definidas pelas suas frequências, durações e intervalos, essas sequências sonoras podem ter um efeito regulador nos processos biológicos correspondentes”, afiança a Genodics.
Assim, é preciso encontrar a música certa para cada tipo de cultura e para cada forma de patologia. E foi o que aconteceu com as abobrinhas de Gilles Josuan.
“No início, identificamos um único vírus, mas havia um segundo. Depois da descoberta, adaptamos a melodia e conseguimos inibir os dois vírus que cansavam a planta, mas eram inofensivos para o homem”, explica ao Le Figaro Pedro Ferrandiz.
O engenheiro da Genodics acrescenta que, durante o processo de síntese das proteínas, os aminoácidos produzem notas. “Assim, é emitida uma melodia específica para cada proteína”. Entretanto, ele afirma que “é preciso conhecer as proteínas pertinentes da patologia que queremos combater, depois isolá-la e encontrar o canto da proteína para a estimular ou inibir sua síntese”.
Ciberia // ZAP