Scott Tilley estava determinado a encontrar o Zuma, um satélite norte-americano que, segundo o Pentágono, não teria conseguido entrar em órbita e desapareceu pouco depois do lançamento, em janeiro.
A procura foi interrompida no dia 20 de janeiro, quando Tilley se deparou com o Image, um satélite que a NASA lançou em 2000 como parte de uma missão para analisar o impacto dos ventos solares sobre a atmosfera terrestre e do qual não tinha mais registros desde 2005. Em 2007, a agência espacial norte-americana já tinha desistido de procurar.
Depois de ver e ouvir os primeiros sinais no centro de observação que mantém em sua casa, o astrônomo amador conseguiu confirmar que tinha encontrado o Image. “Contei à minha mulher durante o jantar, e perguntei o que deveria fazer”, contou Tilley à BBC.
O conselho dela foi entrar em contato com os responsáveis por lançar o Image. “Se foi possível encontrar um satélite perdido no céu, com certeza é possível encontrar quem o colocou lá”, disse a mulher, segundo o relato de Tilley. E assim foi. Depois do contato de Tilley, a NASA confirmou, no dia 30 de janeiro, que se tratava do Image.
Cientistas do Centro Espacial Goddard, da NASA, em Maryland, afirmaram que o sistema de controle principal do satélite ainda funciona, mas vai levar entre uma e duas semanas para terminarem de analisar o estado do satélite e adaptarem os programas e a base de dados a sistemas mais modernos.
O astrônomo amador
Tilley, de 47 anos, dedicou a maior parte da vida observando o espaço. Em casa, criou o próprio centro de operações, que descreve como “bastante modesto”. O astrônomo calcula que, entre telescópios, computadores e rádios, o espaço, pensado especialmente para rastrear radiofrequências de satélites, não custou mais do que 5 mil dólares (R$ 16 mil).
O objetivo principal de Tilley é encontrar satélites espiões. “O espaço é como um parque nacional, pertence a todos“, disse. “Nenhum país tem o direito de enviar coisas para o espaço sem divulgar o que são e onde estão. Ao fazer esta pesquisa, eu garanto que o que está lá em cima não vai causar danos a ninguém”.
Após sua descoberta, a NASA entrou em contato com o astrônomo amador para trocar informações. “Não me ofereceram nenhuma recompensa“, afirmou. “Mas também não estou à espera disso. Para mim, a maior satisfação é saber que estou contribuindo para algo importante”.
Depois desse “golpe de sorte”, Tilley pretende continuar com a missão que interrompeu por um tempo: encontrar o Zuma.
Ciberia // ZAP