Astrônomos encontram “embrião” de planeta em formação a 330 anos-luz da Terra

(dr) Instituto de Astrofísica das Canárias

Impressão artística do exoplaneta WASP-127b e da sua estrela hospedeira

Uma equipe de astrônomos encontrou algo que parece ser um planeta embrionário, girando em torno de sua estrela, bem pertinho dela, completando uma volta a cada mês.

A estrela em questão é a HD 163296, que já possui três planetas em formação ao seu redor. Se o ponto quente observado pelos pesquisadores se desenvolver e se tornar um planetinha bebê, será o quarto mundo na órbita dessa estrela jovem.

A descoberta foi feita através de um telescópio virtual chamado MATISSE. Trata-se de um instrumento que combina a analisa a luz infravermelha de quatro telescópios do Very Large Telescope do Observatório, do ESO, localizado em Cerro Paranal, Chile.

Com a junção dos quatro telescópios, o MATISSE ganha uma lente com diâmetro virtual de 200 metros. Foi graças à leitura do infravermelho que os astrônomos detectaram um ponto de calor incomum perto da HD 163296. O trabalho foi revisado e aceito para publicação na revista Astronomy & Astrophysics.

Essa estrela fica na constelação de Sagitário, a cerca de 330 anos-luz de distância da Terra (um pulinho ali na esquina, em proporções cósmicas). Os outros três planetas em torno da HD 163296 também foram encontrados recentemente.

Estamos falando de uma estrela Herbig Ae/Be, ou seja, é jovem, tem algo entre 2 a 8 massas solares e ainda não entrou na sequência principal. Como é de se esperar de estrelas desse tipo, há uma nuvem de gás e poeira ao seu redor, e alguns detritos começando a se aglutinar.

Os pesquisadores estudaram a estrela durante quatro noites em 2019, focando na parte interna do disco protoplanetário, e notaram um anel de poeira fina e quente. Até aí, poderia ser apenas uma agitação da poeira. Mas havia ali um pontinho muito mais quente e brilhante do que o restante do anel.

Os astrônomos então suspeitaram que esse ponto seria um vórtice de poeira onde um planeta pode se formar. Ele está a uma distância da estrela semelhante à distância entre Mercúrio e o nosso Sol.

No resto do disco, poeira e pequenos detritos continuam girando ao redor da estrela, aglutinando-se entre si para, quem sabe, um dia formar outros corpos rochosos como asteroides ou mesmo planetas. Mas no meio desse mesmo disco, o vórtice aquece e os detritos são transformados em poeira fina.

Essa poeira fina é visível no pontinho quente que chamou a atenção dos astrônomos. E esse material aquecido pode aglutinar ainda mais no suposto embrião de planeta, para que ele cresça e se torne mais um de bilhões de mundos universo afora.

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