O presidente de Guatemala anunciou no domingo (24) que o país vai transferir a embaixada que tem em Tel Aviv para Jerusalém, no seguimento da aliança com os Estados Unidos, que reconheceram a cidade santa como capital de Israel.
“Querido povo da Guatemala, conversei com o primeiro-ministro de Israel, Benjamín Netanyahu, e falamos das excelentes relações que temos tido enquanto nações desde que a Guatemala apoiou a criação do Estado de Israel”, disse Jimmy Morales, em publicação no Facebook.
O presidente acrescentou que, na tal conversa, “um dos temas de maior relevância foi o retorno da embaixada de Guatemala a Jerusalém“. “Por isso, informo que dei instruções à ‘chanceler’ para iniciar os devidos procedimentos para que assim seja. Deus abençoe”, escreveu.
“É um ato vergonhoso e ilegal que vai totalmente contra os sentimentos dos líderes das igrejas em Jerusalém” e da recente resolução, não vinculativa, da Assembleia Geral da ONU, que condena o reconhecimento dos EUA de Jerusalém como capital de Israel, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros palestino, em comunicado.
“O Estado da Palestina considera a decisão como um flagrante ato de hostilidade contra os direitos inalienáveis do povo palestino e do direito internacional”, prosseguiu a diplomacia palestina.
“O Estado da Palestina atuará com os aliados regionais e internacionais para se opor a esta decisão ilegal”, advertiu, afirmando que o presidente Jimmy Morales arrastou a Guatemala para “o lado errado da história”.
A decisão da Guatemala ocorre dias depois de 128 países-membros da Assembleia Geral da ONU terem aprovado uma resolução contra o reconhecimento dos EUA de Jerusalém como capital de Israel.
A Guatemala foi um dos nove Estados-membros que votaram contra a resolução. EUA, Israel, Honduras, Togo, Micronésia, Nauru, Palau e as ilhas Marshall foram os outros países que rejeitaram a resolução votada no dia 21 de dezembro.
Outros 35 países optaram pela abstenção. Entre estes constaram o Canadá, o México, a Argentina, mas também Estados-membros da União Europeia, como foi o caso da Polônia, Hungria e da República Checa.
A número dois do Ministério dos Negócios Estrangeiros israelense, Tzipi Hotovely, já garantiu que o governo está “em contato com pelo menos dez países” para que também mudem suas embaixadas.
Trump anunciou no dia 6 de dezembro que os EUA reconhecem Jerusalém como capital de Israel e que vão transferir sua embaixada de Tel Aviv para Jerusalém, contrariando a posição da ONU e dos países europeus, árabes e muçulmanos, assim como a linha diplomática seguida por Washington ao longo de décadas.
A questão de Jerusalém é uma das mais complicadas e delicadas do conflito israelo-palestino, um dos mais antigos do mundo.
Israel ocupa Jerusalém Oriental desde 1967 e declarou, em 1980, toda a cidade como a sua capital indivisível. Os palestinos querem fazer de Jerusalém Oriental a capital de um desejado Estado palestino, coexistente em paz com Israel.
Jerusalém é considerada uma cidade santa para cristãos, judeus e muçulmanos. Desde o anúncio de Trump foram registrados confrontos e manifestações na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, e pelo menos 12 palestinos perderam a vida.
Ciberia, Lusa // ZAP