Segundo revela a imprensa norte-americana, um avião militar russo de vigilância Tu-154M partiu de Moscou com destino Nova York, tendo na sua rota sobrevoado nesta quarta-feira (9) a Casa Branca, em Washington.
Segundo o Washington Post, a polícia de Washington tinha previamente dado o alerta de que “um voo autorizado de baixa altitude de um avião russo” entraria no espaço aéreo restrito da cidade e “poderia voar diretamente sobre o Capitólio”.
Estes voos legais e autorizados estão previstos no âmbito de um acordo de 1992 entre a Rússia e os Estados Unidos, conhecido como o Tratado de Céus Abertos, que permite que os dois países realizem voos de vigilância no território de cada um.
Segundo o Departamento de Estado norte-americano, os dois países realizaram estes voos combinados em 165 ocasiões nos últimos 15 anos. Um representante do Pentágono explicou que observadores militares estrangeiros, no quadro do Tratado de Céus Abertos, podem pedir e ter autorização para voar sobre praticamente qualquer lugar.
De acordo com a CNN, o avião russo, a bordo do qual seguiam representantes da Força Aérea dos EUA, sobrevoou o Capitólio, o Pentágono e outros edifícios governamentais, tendo sido autorizado inclusive a sobrevoar o espaço aéreo ultrarrestrito sobre a Casa Branca, residência oficial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“Normalmente os observadores russos apresentam uma lista dos locais sobre os quais querem voar”, explicou uma fonte do Pentágono à Politico. “Fazemos o plano de voo e, com algumas exceções – ligadas a questões de segurança e condições meteorológicas, são autorizados a voar praticamente sobre todo o território“, acrescentou a fonte.
Segundo o representante do Pentágono, todos os voos “são muito regulamentados e rigorosamente controlados”, razão pela qual os militares norte-americanos têm de estar a bordo do avião. “Estas missões são realizadas praticamente de forma rotineira“, acrescentou o representante das forças armadas norte-americanas.
A realização destes voos não é de todo pacífica entre os meios militares norte-americanos, que, segundo o Washington Post, questionam a vantagem que a Rússia obtém por ter a possibilidade de observar e processar toda a informação recolhida em território norte-americano e defendem o fim do Tratado de Céus Abertos.
“As coisas que se veem, a quantidade de dados recolhidos, o que se pode fazer com pós-processamento, permite à Rússia obter uma quantidade incrível de informação sobre as nossas infraestruturas críticas, bases aéreas e navais, as nossas instalações”, disse no ano passado general Vincent Stewart, diretor da Defense Intelligence Agency.
“É uma vantagem significativa”, acrescentou o responsável militar norte-americano.
“No âmbito do mesmo tratado, os militares norte-americanos realizam com frequência voos semelhantes sobre a Rússia, usando uma aeronave de vigilância militar OC-135B da Força Aérea dos EUA”, defendeu por sua vez o capitão Jeff Davis, porta-voz do Pentágono.
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