Levantamento Ibope aponta consolidação da avaliação negativa do presidente, que vem perdendo popularidade desde janeiro. Dos entrevistados, 35% aprovam governo, e 27% classificam desempenho como “ruim” ou “péssimo”.
Pouco mais de 100 dias após tomar posse, Jair Bolsonaro tem a pior avaliação de um presidente eleito em início de primeiro mandato, segundo pesquisa Ibope divulgada nesta quarta-feira (24/04).
De acordo com o levantamento, 35% dos entrevistados avaliaram o atual governo como “ótimo” ou “bom”. Enquanto 31% classificaram como regular, e 27% como ruim ou péssimo. Outros 7% não opinaram. A pesquisa foi encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Os números são semelhantes a um levantamento realizado pelo Ibope em março, e confirmam a consolidação da avaliação negativa do presidente nos últimos meses. Em levantamento divulgado em janeiro pelo Ibope, 49% avaliavam o governo como “ótimo” ou “bom” e 11% como “ruim” ou “péssimo”.
Ainda de acordo com o ibope, entre os presidentes eleitos para um primeiro mandato, Bolsonaro registra a pior avaliação em um início de governo desde 1990. O ex-presidente Fernando Collor, por exemplo, foi avaliado como ótimo ou bom por 45% dos entrevistados no início do mandato.
Fernando Henrique Cardoso, por sua vez, registrou 41% de aprovação. Já os petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff registraram aprovação de 51% e 56%, respectivamente, nos meses iniciais dos seus primeiros mandatos.
De acordo com a série histórica, Bolsonaro só fica à frente de presidentes-tampão como Itamar Franco e Michel Temer e da avaliação do início dos segundos mandatos de FHC e Dilma.
Nos seus primeiros cem dias, Bolsonaro viveu vários episódios de desgaste, como as investigações que envolveram um de seus filhos, o senador Flávio, as disputas que paralisaram o Ministério da Educação, os choques com o Congresso e as dificuldades na formação de uma base de apoio na Câmara e no Senado.
A economia também não vem reagindo significativamente, e a taxa de desemprego alcança 12,4%. O ex-presidente também se viu envolvido em intrigas entre outro filho, o vereador Carlos, e diferentes alas do governo, além de ter sido obrigado a se retratar por um comentário desastrado sobre o Holocausto.
O levantamento foi realizado entre 12 e 15 de abril e ouviu 2 mil pessoas, em 126 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Ainda de acordo com a pesquisa, pouco mais da metade dos entrevistados (51%) afirmou confiar no presidente, mesma parcela da população que disse aprovar a sua maneira de governar. Por outro lado, 45% das pessoas ouvidas afirmaram não confiar em Bolsonaro, e 40% desaprovaram sua maneira de governar.
Em dezembro de 2018, outro levantamento Ibope encomendado pela CNI havia perguntado qual era expectativa quanto ao governo Bolsonaro. Antes da posse, 64% dos entrevistados previam que a nova administração seria ótima ou boa, e 14% esperavam um governo ruim ou péssimo.
A pesquisa desta quarta-feira também apontou uma queda do otimismo em relação ao restante do mandato de Bolsonaro: 45% afirmam acreditar que ele será ótimo ou bom e 23% esperam que será ruim ou péssimo.
A pesquisa ainda avaliou a atuação do governo em algumas áreas. As mais bem avaliadas foram segurança pública, aprovada por 57% dos entrevistados; educação (51%); meio ambiente (48%); combate à inflação (47%). Já as ações e áreas do governo com maiores taxas de reprovação foram a política de juros (57%), impostos (56%), saúde (51%), combate ao desemprego (49%) e combate à fome e à pobreza (47%).
Alguns dos números do Ibope também são semelhantes a uma pesquisa Datafolha divulgada em 7 de abril, que já havia apontado o governo Bolsonaro como o mais mal avaliado entre os presidentes eleitos estreantes.
Nesse levantamento, 30% dos brasileiros consideraram o governo Bolsonaro ruim ou péssimo. Já o percentual daqueles que consideraram ótimo ou bom foi de 32%. Outros 33% apontaram como regular e 4% não souberam opinar.
De acordo com o instituto, nenhum presidente em início de primeiro de mandato nos últimos 28 anos havia tido uma avaliação negativa tão alta. O ex-presidente Collor, por exemplo, era reprovado por 19% da população ao fim dos primeiros três meses do seu mandato. Fernando Henrique Cardoso, por sua vez, registrou 16% de avaliação negativa. Já os petistas Lula e Dilma registraram reprovação de 10% e 7%, respectivamente.
À época da divulgação dessa pesquisa Datafolha, Bolsonaro reagiu aos números e disse que não iria “perder tempo” em se manifestar. “Datafolha? Não vou perder tempo para comentar pesquisa do Datafolha, que diz que eu ia perder para todo mundo no segundo turno”, afirmou Bolsonaro na ocasião.
// DW