O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira (11/07) que deseja nomear seu filho Eduardo Bolsonaro como embaixador do Brasil nos Estados Unidos. O presidente disse que a nomeação só depende do próprio filho, que é deputado federal.
“Da minha parte, eu me decidi agora, mas não é fácil uma decisão como esta estando no lugar dele e renunciando ao mandato”, disse o presidente a jornalistas. “Apesar de ser meu filho, ele tem de decidir”, acrescentou.
O presidente afirmou que levou em conta o fato de Eduardo ser seu filho, o que, segundo ele, possibilitaria um tratamento “diferente de um embaixador normal” e que o deputado é “amigo dos filhos do Trump”, em referência ao presidente dos EUA, além de saber “falar inglês”.
“É uma coisa que está no meu radar, sim, existe essa possibilidade. Ele [Eduardo] é amigo dos filhos do Trump, fala inglês, fala espanhol, tem vivência muito grande de mundo. No meu entender, poderia ser uma pessoa adequada e daria conta do recado perfeitamente em Washington”, disse.
“Eu fiquei pensando: imagine se tivesse no Brasil o filho do presidente Mauricio Macri como embaixador da Argentina? Obviamente que o tratamento seria diferente de um embaixador normal”, completou.
Ao jornal Folha de S.Paulo, o deputado Eduardo Bolsonaro disse que ainda não há nada definido. “A missão que o presidente Bolsonaro der para mim certamente vou desempenhar da melhor maneira. Não tem nada formal, nada oficial. O presidente falou, está falado, mas não chegou nada oficial”, disse.
Na quarta-feira, Eduardo completou 35 anos, a idade mínima para assumir um posto como embaixador. Além de receber uma indicação do presidente, candidatos ao posto de embaixador precisam que o Senado ratifique o nome.
Um pouco mais tarde, para um grupo de jornalistas, Eduardo disse que quer conversar com o chanceler Ernesto Araújo e seu pai, além da sua esposa sobre o convite antes de aceitar a indicação. “Estou no radar, então há essa possibilidade”, disse. “Fico imaginando o povo americano vendo o presidente do enviando seu filho. Acredito que a nomeação de alguém tão próximo ao presidente seria visto com bons olhos pelo lado americano“, disse.
Eduardo ainda tentou minimizar a possibilidade de a indicação ser enquadrada como nepotismo e vir a ser barrada pela Justiça. “Acho que não se enquadraria nisso. Seria uma indicação como a de um ministro. Críticas sempre vão existir”, completou. Ele também disse que o fato de ter completado 35 anos um dia antes de o convite ser divulgado foi uma “coincidência”. O cargo de embaixador do Brasil em Washington está vago desde abril, quando o chanceler Araújo removeu Sérgio Amaral do posto.
Deputado federal em segundo mandato, Eduardo, que é chamado de “03” pelo pai, é escrivão concursado da Polícia Federal. Não possui nenhuma formação na área internacional, mas é membro da Comissão de Defesa e Relações Exteriores da Câmara e exerce influência sobre a política externa do governo pai, além de acompanhar o presidente em viagens internacionais, tal como ocorreu no Fórum Econômico de Davos e na cúpula do G20.
Ele é também próximo do ideólogo Olavo de Carvalho e foi um dos responsáveis pela indicação de Ernesto Araújo para a chefia do Itamaraty e de Filipe G. Martins para o cargo de assessor de Assuntos Internacionais da Presidência. Várias reportagens da imprensa brasileira também apontaram que Eduardo vem exercendo um papel de chanceler informal na política externa do país e influenciando o recente alinhamento diplomático do Brasil junto aos EUA.
Na coletiva de imprensa sobre o convite, Eduardo ainda foi questionado se pode vir a chamar Olavo de Carvalho, que vive nos EUA, para trabalhar na embaixada, caso aceite o convite do seu pai.
“Boa pergunta. O Olavo certamente serve como conselheiro. Independente de estar dentro ou fora da embaixada. Ele mora ali na Virgínia, ao lado de Washington. Quem sabe, se futuramente vir a se concretizar o que hoje é uma possibilidade, a gente venha a fazer alguns churrascos e dar uns tiros no quintal dele”, concluiu Eduardo.