Brasil entra para o grupo de elite da matemática mundial

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O Brasil agora é membro do Grupo 5 da União Matemática Internacional (IMU), que reúne a elite das nações que desenvolvem pesquisas na área da matemática. A partir de agora, o país vai dialogar em pé de igualdade com potências como Alemanha, Canadá, China, Estados Unidos, França, Israel, Itália, Japão, Reino Unido e Rússia.

“Começamos a trabalhar nisso em junho de 2017, enviando uma candidatura que expõe por que merecemos entrar no grupo”, explicou Marcelo Viana, diretor-geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), à revista Galileu.

A conquista marca uma batalha de mais de 60 anos do país pelo reconhecimento mundial. O Brasil é membro da IMU desde 1954, quando ingressou no Grupo 1, dois anos depois da fundação do Impa. Em 1978, subiu para o Grupo 2, onde permaneceu até 1981, quando mudou novamente de nível. Em 2005 ingressou no Grupo 4 e só agora alcançou o Olimpo dos matemáticos.

A entrada dos brasileiros se deve, de acordo com o documento, entre outras coisas, às pesquisas que são feitas no Brasil, além do nível das pós-graduações, publicações de livros na área e os esforços em conjunto com a mídia, além da popularização da disciplina.

“Mas acho que uma das coisas mais espetaculares foi a conquista da Medalha Fields, o Nobel de Matemática, por Artur Avila, em 2014”, diz Viana, que, em 2016, foi laureado com o Grand Prix Scientifique Louis D., principal prêmio científico da França.

“O fato de eu ter tido uma formação brasileira, inclusive ter feito doutorado aqui, indica que o Brasil pode formar um matemático no nível máximo profissional, é como se fosse um selo de qualidade. Mas claro que a matemática não se faz só com uma pessoa, meu trabalho também é impactado pelo trabalho dos meus colegas”, reconhece Artur.

O presidente da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), Paulo Piccione, também destaca outros esforços feitos na área da educação. “Um exemplo é o incentivo que damos para a participação das mulheres nas pesquisas matemáticas”, explica.

“A ciência brasileira tem um problema grande de gênero, mas felizmente tivemos uma melhora nesse sentido. Além disso, hoje se produz dez vezes mais pesquisas do que produzíamos na década de 1980”, conta Piccione.

E não para por aí

No Biênio da Matemática 2017-2018 estão sendo feitas uma série de iniciativas nacionais e internacionais para estimular e popularizar a matemática no país.

Uma destas iniciativas é o Congresso Internacional de Matemáticos, em agosto. “Não é coincidência que apresentamos a candidatura numa fase já muito avançada da organização do Congresso, foi intencional”, explica Viana.

“Isso porque não se trata apenas de mostrar que o Brasil é bom em matemática, mas também de mostrar que temos uma comunidade madura, capaz de organizar um evento complexo do tipo”, conclui.

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