Robin Dienel / Carnegie Institution for Science

Os buracos negros são incríveis fenômenos espaciais que não param de nos surpreender. Um grupo de cientistas descobriu agora que alguns buracos negros podem trazer de volta à vida estrelas “zumbis” – e destruí-las.
Os buracos negros são objetos “invisíveis”, onde a gravidade é tão forte que nem a luz consegue escapar. Todo os buracos negros até agora encontrados pelos astrônomos são supermassivos – com centenas de milhares ou milhões de vezes a massa do Sol – ou então são “pequenos”, isto é, representam 100 vezes menos a massa da nossa estrela
Há, contudo, no meio dessa escala – onde estariam os buracos negros “intermediários” – uma lacuna. Os especialistas não têm conseguido encontrar esses devoradores de matéria de médias dimensões – porém, importa frisar, isso não implica que não existam.
Uma equipe de cientistas do Lawrence Livermore National Laboratory, no estado norte-americano da Califórnia, suspeita que os buracos negros de tamanho médio possam ter o tamanho certo para fornecer força gravitacional suficiente para reacender uma estrela anã branca morta – o cadáver estelar de uma estrela com a massa do Sol que acabou morrendo por falta de combustível nuclear.
Para testar a ideia, e de acordo com o que é descrito no artigo publicado em setembro no Astrophysical Journal, a equipe conduziu uma série de simulações computorizadas, nas quais testaram dezenas de diferentes cenários resultantes de encontros próximos entre as anãs brancas e os buracos negros de médio porte.
Sempre que uma dessas estrelas se aproximavam de um buraco negro médio, a estrela reacendia – como se estivesse voltando à vida.
A força gravitacional do buraco negro poderia fazer com que o material estelar se fundisse em quantidades variadas de cálcio e ferro, produzindo mais fusão e ferro à medida que a estrela se aproximava mais do buraco negro. Esse processo – chamado de nucleossíntese – reacenderia a estrela.
A publicação revela ainda que o renascimento da estrela criaria ondas eletromagnéticas fortes, que poderiam ser captadas por detectores na órbita próxima da Terra – ou seja, através desse reacendimento poderíamos “ver” onde ocorreu o fenômeno, encontrando assim o buraco negro médio que lhe deu a segunda vida.
“Se as estrelas se alinharem, por assim dizer, uma estrela zumbi poderia servir como farol para uma classe de buracos negros nunca antes detectada“, disse Peter Anninos, físico e autor principal do estudo, em comunicado.
No entanto, a estrela recuperada dos mortos cósmicos não viveria para sempre, ou seja, não brilharia eternamente. O buraco negro a traria à vida apenas para rasgá-la pouco depois – os buracos negros não são fenômenos incríveis?
“À medida que [a estrela] se aproxima do buraco negro, as forças de maré começam a comprimi-la em uma direção perpendicular ao plano orbital, reacendendo-a”, disse o físico Rob Hoffman, coautor do estudo. “Mas, dentro do plano orbital, essas forças gravitacionais esticariam a estrela, fragmentando-a” e condenando-a, novamente, à morte, concluiu.
Ciberia // ZAP