Uma equipe de cientistas afirma que os cérebros de porcos podem ser mantidos vivos fora do corpo. Os cérebros humanos podem ser os próximos.
A equipe de cientistas, da Universidade de Yale (EUA), revelou ter conseguido manter a atividade cerebral de porcos decapitados, durante 36 horas – uma experiência que pode redefinir o conceito de “morte”, como o conhecemos atualmente.
De acordo com Nenad Sestan, o cientista que liderou o grupo de trabalho, a equipe conseguiu manter vivos os cérebros dos animais. Para isso, explica o Jornal de Notícias, os cientistas conectaram os cérebros a um sistema de circuito fechado – o “BrainEx” – capaz de bombear sangue artificial rico em oxigênio para determinadas áreas do órgão.
Sestan admitiu que os resultados desse estudo experimental foram surpreendentes, tendo em conta que foi possível identificar milhões de células vivas nos cérebros dos porcos, ainda que a consciência dos animais nunca seja recuperada.
“Os cérebros podem ficar danificados, mas, se as células estiverem vivas, são órgãos vivos”, explicou Steve Hyman, diretor de pesquisa psiquiátrica do Instituto Broad, em Cambridge, Massachusetts, à Technology Review, acrescentando que o processo de preservação do cérebro “não é tão diferente do processo do rim”.
Mas um dos grandes enfoques da descoberta é o fato de haver a possibilidade de funcionar em outras espécies, como em primatas. Segundo os cientistas envolvidos no estudo, o procedimento pode abrir caminho para a realização de transplantes em humanos – se bem que a longo prazo e mediante um intenso debate ético.
A descoberta foi recebida com excitação, mas também com muitas preocupações éticas. Ainda assim, embora crie debates sobre se cérebros humanos tratados de igual forma seriam considerados “vivos”, a pesquisa traria benefícios, como a hipótese de seres humanos falecidos poderem ser usados como cobaias de testes de medicamentos para doenças como o câncer e o mal de Alzheimer.
Embora Sestan tenha especulado sobre potenciais usos humanos, o cientista está confiante de que a linha que define a vida e a morte continua bem definida.
Ciberia // ZAP