Um grupo de pesquisadores portugueses desenvolveu uma vacina que ajuda a prevenir ao mesmo tempo infecções bacterianas que causam doenças como meningite, pneumonia, septicemia (infecção na corrente sanguínea) e, nos casos mais críticos, morte por choque séptico.
A vacina, desenvolvida no Porto (norte de Portugal), já passou por ensaios laboratoriais com cobaias e irá passar para a fase dos ensaios clínicos no último trimestre deste ano.
As bactérias que originam essas patologias (Klebsiella pneumoniae, Escherichia coli, Estreptococus do Grupo B, Streptococcus pneumoniae e Staphylococcus aureus) são muito resistentes e causam “um enorme problema para a saúde pública”, afirmou o pesquisador do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da Universidade do Porto, Pedro Madureira.
“A partir do momento em que essas bactérias infectam o hospedeiro, são capazes de libertar uma proteína designada de GAPDH”, que as torna “invisíveis” ao sistema imunológico, “impedindo o início de uma resposta imune”, explicou o cientista, um dos fundadores da empresa Immunethep, responsável pela criação da vacina.
“Embora esta vacina seja destinada a todas as pessoas”, existem indivíduos nos quais a “incidência desse tipo de infecções é maior”, como recém-nascidos, idosos, portadores de diabetes do tipo I, pacientes submetidos a intervenções cirúrgicas invasivas ou com doença pulmonar obstrutiva.
O cientista considera que a vacina é “inovadora”, visto que, ao invés de induzir uma resposta imune como a produção de anticorpos contra a bactéria em si, induz uma resposta que neutraliza uma única molécula, libertada pelas bactérias, permitindo ao sistema imunológico controlar as diferentes infecções.
De acordo com Pedro Madureira, para além da vacina, a Immunethep desenvolve uma forma de terapia baseada em anticorpos monoclonais, que neutralizam a proteína GAPDH e que podem ser usados em pessoas já infectadas e para as quais não há tempo para a vacinação.
“Estes anticorpos têm a vantagem, em relação à vacina, de atuarem muito rápido e a desvantagem de não induzirem “memória imunológica””, que está associada à capacidade do nosso sistema imunológico de, após um primeiro contato com um agente estranho, conseguir “desencadear uma resposta muito mais rápida e eficiente”, explicou.
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