A divulgação nas redes sociais de rumores sobre crianças que teriam sido capturadas por ciganos na periferia de Paris desencadeou uma onda de agressões nos últimos dias na França. A polícia informou que nenhum rapto foi registrado.
As agressões começaram a partir da propagação nas redes sociais, meados de março, de rumores sobre tentativas de rapto de crianças e adolescentes. Segundo as mensagens, as vítimas teriam sido capturadas por homens dirigindo uma caminhonete branca. O veículo em questão pertenceria, ainda de acordo com os rumores, a membros da comunidade cigana, que buscavam menores para tráfico de órgãos ou prostituição.
No mesmo dia, cerca de 20 jovens atacaram dois ciganos que dirigiam uma caminhonete branca em Colombes, na periferia de Paris. O motorista e o passageiro do carro quase foram linchados.
Na noite de segunda-feira (25), novos episódios foram registrados em Clichy-sous-Bois e Bobigny, também na periferia da capital. Cerca de 50 pessoas, armadas com facas e pedaços de madeira, agrediram um grupo de ciganos que acampavam na beira da estrada. Alguns agressores chegaram a lançar bombas nos acampamentos.
As autoridades insistem que nenhuma queixa de sequestro foi registrada e a polícia já prendeu 20 pessoas envolvidas nas perseguições. “Esses eventos são a prova da necessidade absoluta de lutar contra as fake news”, declarou o porta-voz do governo, Benjamin Griveaux.
Desde o episódio, os membros da comunidade cigana têm evitado sair na rua ou mandar seus filhos para a escola. As associações de defesa da minoria criticam o que qualificam de “descriminação e humilhação”, fruto de um “racismo secular”.
As autoridades implementaram um dispositivo de vigilância noturna para proteger 34 acampamentos de ciganos. A minoria rom tem entre 15 mil e 20 mil pessoas na França. Eles são originários principalmente da Europa central e oriental (Romênia, Bulgária e países da ex-Iugoslávia).
// RFI