O cientista Paul Ehrlich deu uma entrevista ao jornal britânico The Guardian na qual aborda possíveis consequências trágicas da superpopulação e poluição crescente do nosso planeta.
De acordo com Paul Ehrlich, o colapso da civilização é inevitável nas próximas décadas, e pode ser iniciado devido a vários fatores, disse o cientista ao The Guardian.
“Pode ser causado por uma guerra nuclear, secas e inundações que causariam fome massiva, pela destruição da bolha de endividamento, por desordens políticas ou por uma maior desigualdade econômica, por guerras comerciais, pelo terrorismo, bem como pela combinação de vários fatores”, afirmou o cientista.
Para o profissional, as previsões negativas estão intimamente ligadas ao excesso populacional e de consumo, disse também à Sputnik. Paul Ehrlich está seguro que esses dois fatores vão empurrar a civilização ao abismo.
“O problema principal corresponde à destruição dos sistemas de suporte de vida devido ao crescimento do consumo, como fruto do aumento da população e do consumo per capita. Várias desigualdades, sejam de gênero, raciais ou religiosas, diminuem as probabilidades de as pessoas prestarem a ajuda necessária para evitar o colapso”, argumenta.
De acordo com Ehrlich, a situação já se deteriorou muito desde que há 50 anos publicou o livro “The Population Bomb” (A Bomba Demográfica).
“A população foi duplicada em quantidade, as mudanças climáticas são ainda mais notáveis e isso já traz problemas. Em breve, nos oceanos haverá mais plástico do que peixe, os hormônios sintéticos contaminam a Terra e mostram ser a principal causa da diminuição do número de espermatozoides em todo o mundo. Quase metade da fauna foi exterminada na maior extinção dos últimos 66 milhões de anos”, relata o biólogo.
De acordo com o biólogo, as probabilidades de uma guerra mundial nuclear vir a exterminar a nossa civilização são “maiores do que em qualquer período da Guerra Fria, com exceção da crise dos mísseis de Cuba”.
Apesar das advertências feitas pelos cientistas de que as pessoas ameaçam a vida terrestre, os governos e a comunidade internacional ainda não conseguiram reduzir a ameaça. Ehrlich acredita que haja motivos para a não resolução.
Por exemplo, “o buraco da educação em disciplinas básicas, em especial entre economistas e políticos que consideram o crescimento econômico como a cura de todas as doenças, sendo o crescimento econômico a doença principal”, opina o analista, acrescentando que o papel-chave é desempenhado pelos traços negativos do ser humano, tais como “avidez, tolice e arrogância”.
Sobre as medidas que devem ser aplicadas para melhorar a situação, o cientista respondeu ser importante “garantir a contracepção através de todos os meios modernos e apoiar abortos, garantir direitos iguais tanto para mulheres como para homens, acabar com a discriminação racial e religiosa para que as pessoas se sintam livres para resolver dilemas humanos, bem como redistribuir riquezas”.
Foram vendidas cerca de 2 milhões de cópias do best-seller A Bomba Demográfica, que foi escrito em conjunto com sua esposa, Anne, em 1968.
No livro é destacado que “centenas de milhões de pessoas vão morrer de fome” nos anos 70, contudo, segundo declarou o cientista, este desfecho trágico foi prevenido pela revolução agrária.
Em maio de 2018, a obra completa 50 anos e o autor continua comprometido com suas previsões. Apesar de algumas suposições e alguns prazos não terem sido verdadeiros, Ehrlich tem a certeza absoluta que a ideia geral do livro corresponde à realidade.
Ciberia // ZAP