Média de novas infecções após passagem do ciclone Idai é de 200 por dia. Número de mortos na catástrofe sobe para quase 600, e 130 mil pessoas continuam desabrigadas.
O surto de cólera em Moçambique, iniciado após a passagem do ciclone Idai, já atinge ao menos 1052 pessoas, comunicou nesta segunda-feira (01/04) o Ministério da Saúde do país. Os dados revelam um aumento alarmante em relação aos 139 casos registrados há apenas quatro dias, com uma média de 200 infecções diárias.
Apesar do alto número de infecções desde a semana passada, apenas uma morte foi registrada até o momento, segundo o ministério. Uma campanha de vacinação em massa deverá ser iniciada nesta quarta-feira, com a chegada de cerca de 900 mil doses de vacina à cidade da Beira, de mais de 500 mil habitantes, que concentra 959 dos mais de mil casos registrados.
Os registros de casos de cólera, doença transmitida pela água ou alimentos contaminados, devem subir ainda mais em razão do grande número de pessoas que chegam aos centros de saúde apresentando os sintomas característicos, comunicou a Organização Mundial da Saúde (OMS). A destruição de fontes de água potável e a falta de saneamento básico nos abrigos superlotados criam um ambiente propício para a disseminação da doença.
“As próximas semanas serão cruciais, e a rapidez é fundamental se quisermos salvar vidas e aliviar o sofrimento”, disse a chefe da OMS para a África, Matshidiso Moeti. O ciclone Idai matou mais de 700 pessoas em Moçambique, no Malawi e no Zimbábue após devastar a região no dia 14 de março.
O Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) de Moçambique comunicou nesta terça-feira (02/04) que o número de mortos em razão da passagem do ciclone aumentou para 598, ou 80 a mais do que no dia anterior, quando foram concluídas as operações de resgate. O total de feridos é de 1.641.
A quantidade de pessoas afetadas aumentou de 843.723 para 967.014, o que corresponde a 195.287 famílias. As pessoas nessas condições são as que perderam as casas, precisam de alimentos ou de algum tipo de assistência. O número de famílias que recebe ajuda humanitária subiu de 29.291 para 32.290.
Segundo o INGC, 131.136 pessoas estão acomodadas em 136 centros de abrigo, e o total de indivíduos em situação vulnerável é de 7.422. O número de casas totalmente destruídas aumentou para 62.153. Outras 34.139 foram parcialmente destruídas e 15.784, inundadas, sendo que a maioria destas são habitações precárias.
O Idai causou danos em 3.344 salas de aulas, prejudicando 150.854 alunos. Trabalham nas operações de assistência e salvamento 945 especialistas humanitários que contam com a ajuda de 22 helicópteros, 42 barcos, 25 aviões, três fragatas, 15 caminhões, 30 telefones satélites e 17 drones.