Um jornalista francês, um dos veteranos especialistas em assuntos europeus, levanta dúvidas sobre a capacidade de Jean-Claude Juncker governar, falando abertamente sobre o suposto “alcoolismo” do presidente da Comissão Europeia.
“Quando um oficial de justiça traz [a Juncker] um copo d’água durante o Conselho de Ministros, todos sabemos que é gin“.
As palavras foram proferidas por um antigo ministro europeu, conforme escreve o jornalista francês Jean Quatremer, um dos veteranos que acompanha os assuntos da Comissão Europeia (CE), em um artigo de opinião na revista britânica The Spectator.
Intitulado sugestivamente “Jean Claude drunker“, em um jogo de palavras entre o nome de Juncker e a palavra “beberrão” em inglês, Quatremer fala abertamente sobre o suposto “alcoolismo” do presidente da CE.
“Juncker ainda será fisicamente capaz de dirigir a Comissão Europeia?”, é a pergunta que o jornalista deixa na versão em francês do artigo de opinião, publicada em seu blog no jornal Libération.
Quatremer levanta a possibilidade de Juncker ser um mero “fantoche” e de ser o secretário-geral da CE, Martin Selmayr, quem de fato governa. Selmayr é descrito pelo jornalista como “todo-poderoso” e “muito contestado”, até por não ter sido alvo de uma eleição, e apontado como potencial sucessor de Juncker no cargo.
O ponto de partida para as considerações de Quatremer é o caricato episódio vivido por Juncker durante a cúpula da Otan, em que teve de ser amparado por diversos líderes europeus.
Juncker e seus assessores justificaram o estranho cambalear com uma “crise particularmente dolorosa de nervo ciático, acompanhada de cãibras”. Mas “a explicação de ciático não suporta o escrutínio”, frisa o jornalista francês na crônica.
“Ele não parece estar em desconforto”, repara o jornalista, frisando que as imagens divulgadas o mostram a “sorrir, rir, falar e beijar os colegas à medida que o ajudavam a andar”. “Uma crise aguda de ciático coloca suas vítimas prostradas na cama”, constata.
Por outro lado, o jornalista lembra que, dois dias depois do episódio, Juncker visitou a China e o Japão. Ora, “o ciático torna as viagens de longo curso difíceis de enfrentar”, conclui.
Quatremer ainda assume que Juncker pode ter sido “limitado por analgésicos poderosos“, notando que “várias fontes” frisam que o presidente da CE “estava em uma cadeira de rodas quando os fotógrafos e as TVs não estavam olhando, e nem falou durante o jantar” da cúpula da Otan.
Mas “as mesmas testemunhas dizem que Juncker bebeu muito durante o jantar, o que é difícil de reconciliar com o recurso a analgésicos”, reforça.
A isso, Quatremer acrescenta os burburinhos que se ouvem nos corredores de Bruxelas, onde se diz que o problema é “Juncker gostar muito da garrafa”. O que “põe em jogo a sua capacidade para” presidir a Comissão Europeia, conclui.
Ciberia // ZAP