Ministro diz que Brasil não “inventou” ou “exportou roda da corrupção”

Marcelo Camargo / Agência Brasil

Ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Torquato Jardim

Ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Torquato Jardim

O Brasil não “inventou” nem “exportou” a “roda da corrupção”, declarou ontem (28) à Agência Efe o ministro da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União, Torquato Jardim, em relação às ramificações internacionais do escândalo da Lava Jato.

O nome dado no Brasil à investigação sobre a corrupção na Petrobras atravessou as fronteiras do país após a revelação de que a Odebrecht também incorreu em práticas ilegais em Angola, Argentina, Colômbia, República Dominicana, Equador, Guatemala, México, Moçambique, Panamá, Peru e Venezuela.

“Temos uma empresa brasileira que operava de forma ao menos duvidosa em 12 países” e “a repercussão é muito grande”, reconheceu em entrevista à Efe o ministro, que apontou que em todas essas nações houve “questões políticas muito afetadas por essa conduta reprovável”.

Segundo Jardim, não se trata de tramas ou métodos corruptos que tenham sido “inventados” ou “exportados” pelo Brasil, mas de “um problema da natureza humana”, que deve ser combatido local e globalmente, mediante o estabelecimento de mecanismos que ajudem a manter uma “estreita e crescente” cooperação judicial.

“O Brasil está submerso nesse cenário de colaboração, seja quanto a princípios, seja quanto à cooperação”, mas “não são só as empresas privadas as que devem adotar práticas mais transparentes”, mas também os setores públicos, sustentou.

Na opinião de Jardim, “se ninguém pede” uma propina, é muito difícil que um empresário ofereça, já que o setor privado “trabalha com resultados e margens” de negócios, embora muitas vezes incorra nessas práticas “porque se outro já pagou, então é preciso pagá-la”.

O ministro ressaltou que o Brasil implantou programas e métodos de fiscalização do setor público que abrangem inclusive empresas públicas, a fim de “expandir e semear uma reserva moral” nas áreas em que muitas vezes se origina a corrupção.

Esses métodos, que facilitaram a detecção de muitos atos ilícitos, fazem parte do que o ministro qualificou de “processo de revolução cultural“, que começou por causa de um vasto escândalo de subornos parlamentares descoberto em 2005, durante o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo Jardim, o mensalão, que acabou com 25 empresários e políticos na prisão, teve continuidade na Operação Lava Jato, que atinge a Odebrecht e também dezenas de empresas privadas, assim como dirigentes dos principais partidos, tanto do poder quanto da oposição.

“Tudo isso projetou a atuação brasileira” no combate à corrupção, considerando que “muitos países estejam impressionados pelos resultados obtidos” e pela própria dimensão não só dos escândalos, mas das duras consequências penais que acarretam para muitos políticos e grandes empresários do país.

A experiência brasileira no combate às más práticas nas gestões pública e privada será apresentada nos dias 11 e 12 de abril em reunião do Grupo de Trabalho Anticorrupção do G20, que as principais economias do mundo criaram em 2010.

A reunião será realizada em Brasília e terá como objetivo o fortalecimento da agenda global anticorrupção, a qual o Brasil, sobretudo por sua experiência na última década, tem muito a apresentar, afirmou Jardim.

Nesse sentido, o ministro especificou que o principal no combate a esses fenômenos é “lidar da mesma forma com os dois pontos da corrupção: o setor público e o setor privado”.

Ele também afirmou que, frente às práticas corruptas, o mundo precisa “se organizar de forma homogênea” e fechar as portas aos envolvidos “que fogem para outros países”, para fazer valer a velha máxima que diz que “o crime não compensa“.

// EFE

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