Segundo relatório da Rede Pró-Yanomami Ye’kwana, o número de casos de covid-19 cresceu no mínimo 250% desde agosto entre os povos originários que habitam a Terra Yanomami.
A incapacidade do governo federal em barrar o avanço dos mineradores ilegais que levaram o vírus à região, a falta de testes e a incapacidade de realização do isolamento social nas aldeias gerou o que os pesquisadores afirmaram ser uma situação de descontrole.
O documento aponta que a doença avançou em 250% nos últimos três meses na Terra Yanomami, onde vivem os povos Yanomami e Ye’kwana. Entre agosto e outubro, o número de casos confirmados saltou de 335 para 1202, entretanto existe a certeza de que há subnotificação na região.
“Há casos confirmados de contaminação em 23 das 37 regiões da TIY e, como o isolamento social entre os moradores é impraticável nas aldeias, é possível que aproximadamente 10 mil Yanomami e Ye’kwana já estejam expostos ao novo coronavírus, em um universo de cerca de 27 mil pessoas, ou seja, mais de um terço da população total, evidenciando uma situação de total descontrole”, afirma o documento.
Desde abril, as lideranças indígenas e as redes de defesa dos povos originários têm lutado contra o avanço da doença na região. A covid-19 foi levada Terra Indígena Yanomami por mineradores ilegais que tem invadido a região para o garimpo, uma prática criminosa.
Em julho, o Presidente da República Jair Bolsonaro vetou boa parte das emendas da Lei 14.021/2020, que previa ações de testagem em massa e saúde especializada para os povos indígenas, bem como garantia de acesso a água e outras questões essenciais para a contenção do novo coronavírus no país. Agora, vemos mais uma ‘Xawara’ levada pelo homem branco destruindo os povos originários.
“Sem uma avaliação efetiva e sistemática, é impossível rastrear a doença e controlar sua expansão nas comunidades. A baixa testagem mascara o real cenário de infecção por Covid-19 entre os Yanomami e Ye’kwana, de modo que o cenário conhecido está longe de ser a realidade do impacto da Covid-19 na TIY. E os casos confirmados não param de crescer”, afirma o relatório.
Assinam o documento diversas organizações yanomami: o Fórum de Lideranças Yanomami e Ye’kwana e Rede Pró-Yanomami e Ye’kwana é composto pela Hutukara Associação Yanomami (HAY), Associação Wanasseduume Ye’kwana (SEDUUME), Associação das Mulheres Yanomami Kumirayoma (AMYK), Texoli Associação Ninam do Estado de Roraima (TANER), Associação Yanomami do Rio Cauaburis e Afluentes (AYRCA), Associação Kurikama Yanomami (AKY) e Hwenama Associação dos Povos Yanomami de Roraima (HAPYR).
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