Quando achávamos que o corpo humano já tinha sido estudado à exaustão, pesquisadores classificaram um novo órgão que ficou escondido esse tempo todo no sistema digestivo.
O órgão já havia sido descoberto há um tempo, mas sua função ainda é pouco conhecida. Chamado de mesentério, ele é uma dobra membranosa que liga os outros órgãos à parede do corpo.
Até agora, acreditava-se que ele era fragmentado, formado por estruturas separadas. Mas uma pesquisa recente mostra que na verdade ele é um órgão contínuo. A sua reclassificação foi publicada na revista The Lancet Gastroenterology & Hepatology.
“No artigo, que já foi revisado por pares e avaliado, afirmamos que temos um órgão no corpo que não havia sido reconhecido como tal até agora”, diz J. Calving Coffey, pesquisador do Hospital Universitário Limerick (Irlanda).
“A descrição anatômica que existe há cem anos estava incorreta. O órgão está longe de ser fragmentado. É simplesmente uma estrutura contínua”, argumenta ele.
A série de livros médicos mais conhecida no mundo todo, Gray’s Anatomy, acaba de ser atualizada para incluir a nova definição.
Mas afinal de contas, o que é o mesentério?
O mesentério é uma dobra do peritônio, o revestimento da cavidade abdominal – que sustenta o nosso intestino à parede abdominal, e mantém os órgãos no local correto. No último século, ele foi considerado uma estrutura formada de seções separadas, tornando-o menos importante.
Mas em 2012 Coffey e sua equipe mostraram exames microscópicos detalhados que provam que o mesentério é na verdade uma estrutura contínua.
Entre 2012 e 2016, eles reuniram evidências de que o mesentério deveria ser classificado como um órgão distinto, e este último artigo recém-publicado torna a classificação oficial.
“Quando o encaramos como qualquer outro órgão, podemos categorizar doenças abdominais em termos desse órgão”, explica Coffey. Isso significa que estudantes e pesquisadores podem investigar seu papel nas doenças abdominais.
“Agora estabelecemos a anatomia e estrutura ao órgão. O próximo passo é a função. Se você entende a função, você pode identificar uma função anormal, e aí você tem a doença. Junte tudo isso e você tem um campo de ciência mesentérica, uma base para uma nova área da ciência”.
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