Um biólogo marinho norte-americano está certo de que o famoso incidente do Golfo de Tonkin que, em 1964, levou os EUA à guerra contra o Vietnã foi apenas um grande equívoco causado por pyrosomas gigantes, criaturas marinhas fluorescentes.
A tese é defendida por Todd Newberry, biólogo marinho e professor da Universidade da Califórnia, nos EUA, em declarações à revista The Atlantic, e por outros especialistas.
Está em causa o chamado incidente do Golfo de Tonkin, na costa vietnamita, que, em 1964, empurrou os EUA para a guerra contra o Vietnã. Em 2 de agosto daquele ano, o navio norte-americano USS Maddox foi atacado por três barcos do Vietnã do Norte, em plena luz do dia.
Os marinheiros dos EUA conseguiram repelir o ataque, mas duas noites depois, durante uma violenta tempestade, voltaram a ser atacados – pelo menos, era o que eles acreditavam.
Durante horas, o USS Maddox procedeu a manobras evasivas e lançou inúmeros tiros no escuro, com seus radares detectando torpedos e luzes inimigas. Mas o navio não encontrou nenhuma prova da presença de barcos inimigos, nem se verificaram quaisquer danos na infraestrutura ou vestígios de alvos abatidos.
Documentos tornados públicos em 2005, pela Agência de Segurança Nacional dos EUA, com comunicações dos militares durante o famoso incidente de 1964, levaram historiadores a concluir que não houve qualquer ataque vietnamita nesse fatídico dia 4 de agosto, aponta a The Atlantic.
“O historiador Edwin Moïse acredita que o tempo, grupos de peixes próximo da superfície, pássaros ou problemas nos sensores levaram os marinheiros a interpretar erroneamente seus instrumentos”, cita a revista.
A publicação lembra ainda que na época, o próprio presidente Lyndon Johnson teria dito que a marinha disparou “contra baleias”.
O certo é que o incidente contribuiu para a entrada dos EUA na guerra com o Vietnã, onde morreram 58 mil norte-americanos e 2,5 milhões de soldados vietnamitas e do sudeste asiático.
E afinal, a culpa pode ter sido de um encontro não desejado com criaturas marinhas fluorescentes conhecidas como pyrosomas gigantes. Estes organismos em forma de tubo criam grandes colônias que podem alcançar quase 20 metros.
A imensa colônia destes organismos enigmáticos “nada colada como um preservativo gigante“, explica o The Atlantic, que lembra também que são presença conhecida na zona do Golfo de Tonkin.
Assim, as pyrosomas gigantes podem ter sido confundidas com torpedos nos radares e sua capacidade de bioluminescência, que as torna fluorescentes, pode ter feito os norte-americanos pensarem que eram luzes do inimigo.
“Estas coisas têm o tamanho de torpedos, e produzem a mesma imagem de sonar. Tudo se encaixa, quanto ao caráter da colônia e do seu comportamento”, explica Newberry. “Foi um mal entendido por parte de pessoas que nunca tinham ouvido falar de pyrosomas“, conclui o biólogo.
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