Em 2017, a liberdade no mundo atingiu o pior nível em 12 anos. Esta é a conclusão do relatório da organização não-governamental (ONG) Freedom House.
Divulgado nesta terça-feira (16), o relatório anual sobre direitos políticos e liberdades civis centra-se sobretudo na crise da democracia a nível global. O documento, intitulado “Freedom in the World 2018: Democracy in Crisis”, destaca que a democracia está “sob ataque e recua em todo o mundo”.
A ONG Freedom House analisou 195 países em todo o mundo e em 71 deles detectou um “claro declínio”, com apenas 35 países a apresentar alguns progressos.
Dos 195 países avaliados neste estudo, 88 (45%) foram classificados como “livres”, 58 (30%) como “parcialmente livres” e 49 (25%) como “não livres”. De acordo com a Freedom House, 2017 foi o 12º ano consecutivo de queda da liberdade global.
Segundo o Diário de Notícias, dos 49 países “não livres”, a Síria é o que se posiciona no fundo da tabela, com uma pontuação abaixo de dez, em uma escala de 100.
“Estados antes promissores como a Turquia, a Venezuela, a Polônia e a Tunísia estão entre aqueles que experimentaram declínios nos padrões democráticos; a recente abertura democrática em Myanmar ficou permanentemente arruinada por uma chocante campanha de limpeza étnica contra a minoria rohingya”, lê-se no relatório.
Michael J. Abramowitz, presidente da Freedom House, considera que a democracia enfrenta sua mais grave crise em décadas. A garantia de eleições livres e justas, os direitos das minorias, a liberdade de imprensa e o Estado de direito estão, nas palavras do presidente, “sob ataque em todo o mundo“.
Ainda assim, o relatório destaca como um grande desenvolvimento de 2017 o “recuo dos EUA como defensor e exemplo de democracia”, devido a “evidências de interferência russa nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016, às violações de princípios éticos básicos pelo novo governo e uma redução da transparência governamental”.
Abramowitz afirma que as principais instituições da democracia norte-americana são “maltratadas por uma administração que tem tratado a tradicional separação de poderes do país com desdém”.
A Turquia passou do grupo dos países “parcialmente livres” para o dos “não livres”, quando o presidente Erdogan “alargou e intensificou a perseguição aos seus supostos opositores, iniciada após uma tentativa fracassada de golpe de Estado em julho de 2016, com consequências extremas para os cidadãos turcos”, consta no relatório.
Segundo a organização não-governamental, nos últimos 12 anos – desde que o recuo da liberdade começou, em 2006 – foram 113 os países que assistiram a um claro declínio dos direitos políticos e liberdades civis. Só 62 registaram um claro aumento.
Ciberia // ZAP