José Cruz / Agência Brasil

O ex-vice-presidente Michel Temer e a ex-presidente Dilma Rousseff
O empresário Marcelo Odebrecht confirmou, em depoimento ao TSE nesta quarta-feira (1º), a doação de R$ 150 milhões à chapa Dilma-Temer na eleição de 2014 como caixa dois.
Parte desse valor foi contrapartida pela aprovação da medida provisória do Refis, que beneficiou o grupo. O ex-presidente da Odebrecht não precisou, porém, quanto do total repassado à campanha era propina.
Segundo o empresário, parte dos R$ 150 milhões foi paga a João Santana, marqueteiro do PT, no exteiror, com conhecimento da ex-presidente Dilma. O empresário confirmou ter participado de um jantar com o então vice-presidente Michel Temer, onde tratou de doações para o PMDB.
Odebrecht disse não ter tratado de valores com Temer, e que acredita que os valores foram discutidos entre o ex-executivo da Odebrecht Claudio Mello Filho, e o atual ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. Mello, em delação, disse que repassou R$ 10 milhoes de reais para campanhas do PMDB.
A audiência começou às 14h30 desta quarta-feira (1º), na sede do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), em Curitiba, e terminou por volta das 18h30. O conteúdo do depoimento será mantido sob sigilo.
O empresário foi ouvido como testemunha nas ações que tramitam no tribunal pedindo a cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer por suposto abuso de poder político e econômico na eleição presidencial de 2014.
Odebrecht, que está preso na na carceragem da Polícia Federal (PF) na capital paranaense, chegou à sede do TRE-PR por volta das 14h, em um carro com vidros escuros.
Depois do depoimento, o advogado Luciano Feldens, que defende Marcelo Odebrecht, informou que o empresário “falou o que deveria falar e o que poderia falar”. O advogado também informou que o depoimento foi concluído nesta quarta-feira.
Renato Franco, que defende a ex-presidente Dilma Rousseff, declarou que o sigilo impede qualquer comentário sobre o depoimento.
O advogado Gustavo Guedes, que representa o presidente da República Michel Temer (PMDB), reafirmou que o depoimento está sob sigilo por conta da Lava Jato e que outras testemunhas serão ouvidas para que fatos tratados nesta quinta sejam aprofundados. Por isso, a defesa disse que ainda é prematuro fazer uma avaliação do depoimento.
Guedes ainda contou que Marcelo Odebrecht respondeu a todas as perguntas e apresentou documentos, incluindo uma planilha que faz parte da investigação.
Delações Odebrecht
A determinação do TSE para que Marcelo Odebrecht fosse ouvido é do dia 22 de fevereiro.
Para o ministro, pelo que foi narrado das colaborações premiadas da Odebrecht, o empreiteiro pode ajudar com informações relevantes para as ações apresentadas pelo PSDB, nas quais o partido aponta uma série de irregularidades, entre elas o financiamento ilegal por empresas investigadas na Operação Lava Jato.
Outros dois executivos ligados a Odebrecht, que fecharam acordo de delação premiada, também prestarão depoimento na mesma ação que pede a cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer. Eles vão ser ouvidos nesta quinta (2), no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília.
São eles Cláudio Melo Filho, ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht, e o ex-dirigente da empresa Alexandrino de Salles Ramos. O depoimento deles estava marcado para quarta-feira, mas, foi remarcado.
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