Em meio à pandemia de coronavírus, Jair Bolsonaro demitiu seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que será substituído pelo oncologista Nelson Teich. A decisão ocorre dias depois de o titular da pasta ter dado uma entrevista contrariando a posição do presidente em relação à resposta para o combate da covid-19.
A demissão já era esperada desde a semana passada. O ministro e o presidente vinham protagonizando um embate público há mais de um mês, quando o Brasil entrou no compasso do coronavírus. Ao contrário de Bolsonaro, Mandetta vinha defendendo o isolamento social para tentar conter o avanço da pandemia, que já provocou oficialmente a morte de 1.924 pessoas no Brasil.
Após dias de especulações, o anúncio da demissão foi feito nesta quinta-feira (16/04) pelo próprio ministro em seu Twitter, gerando panelaços contra Bolsonaro em várias cidades brasileiras. “Acabo de ouvir do presidente Jair Bolsonaro o aviso da minha demissão do Ministério da Saúde”, escreveu Mandetta.
“Quero agradecer a oportunidade que me foi dada, de ser gerente do nosso SUS, de pôr de pé o projeto de melhoria da saúde dos brasileiros e de planejar o enfrentamento da pandemia do coronavírus, o grande desafio que o nosso sistema de saúde está por enfrentar”, acrescentou. “Agradeço a toda a equipe que esteve comigo no MS e desejo êxito ao meu sucessor no cargo de ministro da Saúde.”
O tuíte ocorreu após uma reunião entre Mandetta e Bolsonaro para discutir a demissão e a consequente transição na chefia do ministério, que será “a mais tranquila possível, com a maior riqueza de detalhes”, segundo afirmou o presidente em pronunciamento mais tarde.
Bolsonaro declarou que a exoneração foi decidida em comum acordo. “Foi realmente um divórcio consensual”, afirmou, “porque acima de mim, como presidente, e dele, como ainda ministro, está a saúde do povo brasileiro. A vida para todos nós está em primeiro lugar.”
O pronunciamento foi feito ao lado de Teich, que aceitou o convite do presidente para assumir o Ministério da Saúde nesta quinta-feira. Em sua fala, o novo ministro disse haver um “alinhamento completo” entre ele e Bolsonaro.
“Deixar claro que existe um alinhamento completo aqui entre mim, o presidente e todo o grupo do ministério. Realmente o que a gente está fazendo aqui hoje é trabalhar para que a sociedade retome de forma cada vez mais rápida uma vida normal, e a gente trabalha pelo país e pela sociedade”, disse.
Segundo a imprensa brasileira, Teich é um antigo aliado do bolsonarismo, mas, ao contrário do presidente, vem defendendo o isolamento social como medida para conter o avanço dos contágios.
No pronunciamento, o médico afirmou que não haverá definição brusca sobre distanciamento. “Não vai haver qualquer definição brusca ou radical do que vai acontecer. O que é fundamental hoje? Que a gente tenha informação cada vez maior sobre o que acontece com as pessoas, com cada ação que é tomada”, disse Teich.
“Tudo aqui vai ser tratado de uma forma técnica e científica.”