Considerado o pior assassino em série do pós-guerra na Alemanha, Niels Högel teria injetado medicação cardiovascular em pacientes para impressionar colegas com reanimações. Laudo aponta que ele não sente remorso.
O enfermeiro alemão Niels Högel, acusado de matar uma centena de pacientes nas clínicas onde trabalhava, foi condenado nesta quinta-feira (06/06) à prisão perpétua, considerado culpado por 85 assassinatos. O caso é considerado o maior processo envolvendo um assassino em série da história alemã pós-guerra.
Högel havia sido inicialmente acusado de ter assassinado 100 pacientes entre 2000 e 2005 em hospitais nas cidades de Oldenburg e Delmenhorst, no norte da Alemanha. Ele teria injetado em suas vítimas medicamentos que causavam parada cardíaca e fazia ele mesmo as reanimações parar impressionar seus colegas de trabalho.
As vítimas eram pessoas de idades e origens diferentes, algumas em condições graves de saúde e outras em recuperação.
A promotoria o acusou por 97 mortes, sendo que em outros três casos houve falta de provas. A defesa tentou diminuir o número de condenações para 55 por assassinato e 14 por tentativa de assassinato e pediu que 31 acusações fossem retiradas. No final, ele foi inocentado de 15 acusações e confessou 43 mortes.
O tribunal na cidade de Oldenburg proferiu a sentença de prisão perpétua mais severa prevista pelas leis do país, que elimina a possibilidade de liberdade condicional após 15 anos de encarceramento.
Isso ocorre quando o juiz considera que há “gravidade severa de culpa“, o que permite que o benefício seja adiado por um período de tempo indeterminado. O juiz do caso, Sebastian Bührmann, afirmou que o caso de Högel extrapolou todos os limites.
O enfermeiro de 42 anos já havia sido condenado à prisão perpétua em 2015 por injetar em pacientes de hospitais nas cidades de Oldenburg e Delmenhorst os medicamentos cardiovasculares.
Naquele ano, ele foi considerado culpado em seis acusações de assassinato, duas acusações de tentativa de homicídio e uma denúncia de agressão, após seu “truque” de reanimar as vítimas não funcionar.
Durante o julgamento em 2015, ele disse que provocou intencionalmente crises cardíacas em pacientes porque gostava da sensação de podê-las trazer de volta à vida e admitiu surpreendentemente ter matado 30 pessoas. Mais tarde, contou aos investigadores que também tinha agido da mesma forma em Oldenburg.
Somente depois de mais de dez anos de investigação, as autoridades conseguiram dimensionar a quantidade de assassinatos cometidos pelo enfermeiro. No inquérito, mais de 130 corpos foram exumados em busca de traços da medicação aplicada pelo enfermeiro. Como algumas das possíveis vítimas foram cremadas, nunca será possível esclarecer completamente o caso.
Ao ser questionado sobre as diversas pessoas cuja morte ele teria provocado, ele disse não se lembrar de todas. “Não consigo me lembrar, mas não descarto nenhuma hipótese”, afirmou, citado pelo jornal alemão Süddeutsche Zeitung, segundo o qual, o enfermeiro não demonstrou “compaixão ou remorso” pelas vítimas.
Uma avaliação psiquiátrica concluiu que Högel possui sinais de distúrbios de personalidade, mas não sofre de problemas psíquicos. Ele não aparenta sentir vergonha, culpa, remorso ou compaixão, seguindo afirmou um dos psiquiatras que o examinou.
No Tribunal, Högel pediu perdão aos familiares e amigos das vítimas. “Gostaria de pedir minhas sinceras desculpas a cada uma dessas pessoas por tudo que as fiz passar nos últimos anos”, afirmou.
// DW