Um ensaio clínico na Holanda testava a eficácia do Viagra para melhorar a circulação sanguínea na placenta das grávidas com problemas de desenvolvimento. No entanto, acabou interrompido após a morte de 11 recém-nascidos.
O ensaio clínico, iniciado em 2015 pelo Centro Médico da Universidade de Amsterdã, consistia em administrar Viagra a mulheres grávidas cujos bebês estavam com problemas de desenvolvimento, devido a uma deficiente circulação sanguínea na placenta.
No estudo, realizado em dez hospitais da Holanda, 93 mulheres, cujas placentas tinham baixo desempenho, tomaram sildenafil – medicamento vendido sob a marca “Viagra”. Outras 90 grávidas tomaram um placebo.
O objetivo era aproveitar as características do citrato de sildenafil enquanto vasodilatador para melhorar a circulação do sangue na placenta e assim criar condições para um melhor desenvolvimento dos bebês.
O fármaco, que dilata os vasos sanguíneos, é usado por homens com disfunção erétil ou impotência sexual, sendo também prescrito a pessoas com pressão alta. O estudo pretendia descobrir se o medicamento iria melhorar o fluxo sanguíneo através da placenta, promovendo o normal crescimento do feto, informa o The Guardian.
Todas as grávidas que participaram no ensaio – tanto as que tomaram o medicamento, como as que tomaram o placebo – tinham uma gravidez com problemas no crescimento no feto.
Três anos depois, verificou-se que 17 bebês desenvolveram problemas pulmonares e 11 acabaram mortos, levando à interrupção antecipada do ensaio clínico. Teme-se que o medicamento tenha causado pressão alta nos pulmões, levando os bebês a receber pouco oxigênio.
Existem ainda cerca de 10 a 15 grávidas que participaram do ensaio que não sabem ainda se seus bebês vão desenvolver problemas após o nascimento.
Um porta-voz da Academic Medical Center de Amsterdã acredita que o ensaio foi conduzido de forma adequada, mas espera que uma investigação externa seja iniciada.
“Queríamos mostrar que era uma forma eficaz de promover o crescimento dos bebês. Mas aconteceu o contrário. Estou chocado. A última coisa que queríamos era prejudicar nossas pacientes”, disse o líder da pesquisa, Wessel Ganzevoort, em entrevista ao jornal De Volkskranto.
Segundo o hospital, todas as participantes foram abordadas pessoalmente e quase todas já sabem se tomaram o fármaco ou o placebo. O ensaio deveria decorrer até 2020 com a participação de 350 pacientes.
Ciberia // ZAP