A nova campanha do Governo do Paraná e Consepir contra o racismo expõe um dos principais problemas enfrentados pelos negros no Brasil: o racismo institucional. Fato que acontece quando empresas públicas e privadas diferenciam candidatos e empregados de acordo com a origem étnica, cor da pele ou cultura.
Em parceria com uma empresa real de recrutamento, a Master Comunicação convidou profissionais em busca de emprego – todos brancos – para participar de uma entrevista em uma empresa fictícia. O que os candidatos não sabiam é que estavam participando de um experimento intitulado “Processo Seletivo”.
Durante a entrevista, o recrutador oferece vagas difíceis de encarar, com direito a bullying, assédio moral, salários inferiores aos demais profissionais e até alterações em características físicas. “Escolhemos situações que embora pareçam irreais são vividas diariamente por negros no mercado de trabalho, e que muitas vezes são ignoradas pela sociedade”, explica Felippe Motta, diretor de criação.
O filme mostra que nenhum dos candidatos brancos aceitou trabalhar em tais condições e reforça o conceito da campanha: se você não aceita isso para você, por que um negro deveria aceitar?
“Apesar de muitas empresas afirmarem não tolerar esse tipo de prática, as estatísticas dizem o contrário. Toda campanha é embasada em dados que assustam como a enorme diferença salarial percebida no país que pode chegar a 40%”, enfatiza Cícero Rohr, diretor de atendimento.
Para a diretora de diversidade da ABRH-Brasil, Jorgete Leite Lemos, é preciso aproveitar o momento para reflexão sobre a importância do negro na sociedade, mas de uma forma rápida, condizente com a velocidade do mundo atual. “Proponho abandonarmos a visão ‘nós e outros’ e racionalmente alinharmos a visão do nós para corrigir a trajetória ante a finitude dos valores e da nossa sociedade”, pontua.
É a segunda vez que o Governo do Paraná encabeça uma campanha sobre o tema. No ano passado, o Teste de Imagem chocou o país e foi destaque nos principais veículos de comunicação.
“Mais da metade da população brasileira é negra (54%), mas o racismo institucional é uma verdade, uma situação inquestionável, da qual a maior parte das pessoas nunca havia se dado conta. Esperamos que a nova campanha, que lançamos agora, continue sensibilizando, fomentando o debate e modificando atitudes”, diz Edson Luis Lau Filho, Assessor Especial da Juventude do Governo do Paraná.
Além do filme que traz as reações dos candidatos, a campanha também conta com spots de rádio e o site contraracismo.pr.gov.br, que traz informações e estatísticas sobre o racismo institucional.
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