As astronautas norte-americanas Christina Koch e Jessica Meir deixaram juntas nesta sexta-feira (18) a Estação Espacial Internacional (ISS) para fazer um reparo de controladores de energia, marcando a primeira vez em seis décadas da história espacial que uma equipe feminina vai para o espaço.
A primeira saída anunciada de duas astronautas, Christina Koch e Anne McClain, numa missão espacial, havia sido agendada para março deste ano, mas a NASA teve que cancelá-la quatro dias antes, porque, incrivelmente, não havia combinações espaciais prontas do tamanho certo.
O lançamento nesta sexta-feira começou oficialmente às 7h38 da manhã, hora de Brasília, e deve durar várias horas. O objetivo é trocar uma unidade de carregamento de bateria que caiu do dispositivo no fim de semana passado.
“Christina, você pode sair da cápsula”, anunciou a astronauta Stephanie Wilson, do centro de controle de solo de Houston, no Texas. Neste momento, Christina Koch saiu lentamente flutuando no espaço. “O capacete está seco”, ela confirmou, após verificar que o interior do mesmo não estava vazando água. “Estou saindo”, disse então Jessica Meir, que chegou no mês passado a bordo da ISS.
O cancelamento de março provocou uma saraivada de críticas, e a ex-candidata à Casa Branca, Hillary Clinton, twittou “Façam outra combinação”. Mas a NASA planejou tudo dessa vez e as duas mulheres saíram como planejado em suas combinações volumosas, a 400 km acima da Terra, disparando em órbita a uma velocidade de 8 quilômetros por segundo.
Desde o início da estação espacial, em 1998, 220 missões espaciais foram feitas por astronautas de todas as nacionalidades, principalmente norte-americanos. Mas apenas 13 deles, incluindo Christina Koch, e uma russa, até agora “andaram” no vácuo. Jessica Meir se tornou a décima-quinta astronauta a fazê-lo.
O espaço tem sido reservado aos astronautas homens. Desde o início na NASA, todos os primeiros astronautas eram pilotos militares e homens. A primeira mulher enviada ao espaço foi a russa Valentina Terechkova, em 1963. Para os norte-americanos, a primeira a voar foi Sally Ride, em 1983. Mas o último grupo de astronautas da NASA, selecionado em 2013 e estrelado por Christina Koch e Jessica Meir, era metade composto por mulheres.
“Queremos que o espaço seja acessível a todos, e este dia marca uma nova etapa nessa evolução”, disse o administrador da agência espacial norte-americana, Jim Bridenstine, à imprensa nesta sexta-feira. “Eu tenho uma filha de 11 anos, quero que ela tenha as mesmas oportunidades que eu quando eu era jovem”, continuou ele. “Queremos que os astronautas de amanhã representem todos os Estados Unidos”.
Bridenstine confirmou que a primeira mulher a andar na lua já se encontra no atual corpo ativo dos astronautas da NASA, que inclui 12 mulheres. A missão Artemis 3 está programada para 2024, embora o cronograma tenha sido adiado, e são previstos dois astronautas descendo e andando na lua, pela primeira vez desde 1972.
Jim Bridenstine costuma dizer que “o próximo homem e a primeira mulher” a andar na lua serão norte-americanos. Questionado se duas mulheres poderiam compor essa tripulação lunar, ele respondeu: “Poderia muito bem ser duas mulheres, não há razão para que isso não seja possível”.
// RFI