Acima de um pico de um vulcão morto no equador marciano, há uma nuvem branca que se estende pelo céu. Os cientistas desconfiam do que se trata: uma nuvem orográfica.
A estranha nuvem branca que paira sobre Marte é um mistério para o qual os cientistas têm uma explicação: ou, pelo menos, desconfiam. Por trás dessa faixa de vapor com cerca de 1.500 quilômetros sobre Arsia Mons, captada através de imagens de satélite, está uma nuvem orográfica.
A nuvem muda o clima e cresce o suficiente durante a manhã de Marte para ser perceptível pelos telescópios na Terra, que a identificam como uma mancha branca que contrasta com o enferrujado solo marciano.
Embora pareça emergir do cume de um vulcão, os especialistas da Agência Espacial Europeia (ESA) afirmam que não passa de um truque visual, dado que Marte não viu uma única erupção durante milhares de anos, sendo que não há a mínima probabilidade de Arsia Mons despertar.
A nuvem não é, portanto, de origem vulcânica. Trata-se de uma nuvem orográfica, um fenômeno meteorológico que é formado quando o ar denso perto da superfície flui para cima e se expande, esfriando a uma temperatura que permite que a umidade se condense em partículas de poeira.
As nuvens sobre Arsia Mons são, então, uma visão comum durante a maior parte do ano, que tende a desaparecer nos meses anteriores ao solstício de inverno do hemisfério norte. A cada poucos anos terrestres, explicam os especialistas, as nuvens de água gelada emergem enquanto o ar, carregado de umidade, explode na saída do vulcão.
O reaparecimento da nuvem branca permite aos pesquisadores avaliar a densidade das partículas que pairam na atmosfera.
No início deste ano, o planeta foi inundado por uma enorme tempestade de areia que parece ter tirado a vida da sonda Opportunity. Essa nuvem branca pode, agora, ajudar os cientistas a refinar modelos de como a poeira sobe e se instala no Planeta Vermelho.
Ciberia // ZAP