Em 1963, um estudante de astronomia chamado Gail Smith trabalhando em um observatório na Holanda descobriu algo estranho: uma nuvem massiva de gás orbitando a Via Láctea.
A nuvem continha gás suficiente para fabricar duas mil estrelas como o nosso sol, e estava viajando pelo espaço a mais de um milhão de quilômetros por hora.
Pelos próximos 40 anos, a nuvem de alta velocidade permaneceu apenas uma curiosidade: era uma entre tantas circundando a nossa galáxia. Ou seja, interessante, mas não especial.
Até que, nos anos 2000, o astrônomo Jay Lockman e seus colegas observaram a chamada “nuvem de Smith” mais de perto, usando o telescópio Green Back, nos EUA, e calcularam sua trajetória.
A surpresa? Ela está em uma rota de colisão com a Via Láctea.
Dado que estamos falando do espaço, o tempo das coisas não é nada comparado a uma vida humana. Somente daqui a mais ou menos 30 milhões de anos é que a nuvem deve colidir com o Braço de Perseus, o principal braço espiral da nossa galáxia.
O impacto vai comprimir nuvens de gás no espiral, causando uma explosão de formação estelar.
A boa notícia é que não há nenhum perigo para a Via Láctea: por maior que seja a nuvem, ela é pequena em relação ao tamanho gigantesco da galáxia.
Hipóteses
De acordo com Andrew Fox, do Instituto Científico do Telescópio Espacial, da NASA, não sabemos exatamente qual a origem da nuvem de Smith.
Há duas teorias principais: uma dita que ela foi soprada da própria Via Láctea, por um aglomerado de explosões de supernovas. A outra supõe que a nuvem é um objeto extragaláctico que foi capturada pela órbita da Via Láctea.
Usando o telescópio espacial Hubble, os cientistas espiaram a nuvem e encontraram o elemento enxofre, absorvendo luz do núcleo de três galáxias distantes. A abundância de enxofre na nuvem é parecida com a encontrada no disco exterior da galáxia. Isso indica que ela deve ter um parentesco conosco.
Ou seja, a nuvem provavelmente se descolou de nossa própria Via Láctea e agora está em uma rota de colisão com ela novamente.
No seu caminho, a nuvem está se desintegrando aos poucos. O que restar dela – se é que algo vai restar – deve formar novas estrelas no momento da colisão final. Esse evento será provavelmente muito ativo.
Ainda assim, algumas questões sobre o objeto espacial continuam um mistério, por exemplo, como ela permaneceu intacta após o evento que a “expulsou” da galáxia.
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