Estudos corroboram correlação entre tipo sanguíneo e risco de covid-19

A suscetibilidade ao contágio com o vírus Sars-Cov-2 pode variar segundo o grupo sanguíneo: os indivíduos do grupo O tendem a um menor risco, enquanto os demais estão também potencialmente mais expostos a quadros clínicos severos.

As constatações de dois artigos, publicados nesta quarta-feira (14/10) pela revista científica Blood Advances, confirmam hipóteses apresentadas já desde março último.

Um estudo retrospectivo foi realizado pelo Hospital Universitário de Odense, Dinamarca, onde os cientistas compararam os registros de saúde de mais de 473 mil testes individuais de covid-19 com um grupo de controle de 2,2 milhões, da população em geral.

Os de tipo sanguíneo O apresentaram cerca de 13% menos probabilidade de testar positivo para covid-19 do que os do tipo A, B ou AB. Esses resultados, no entanto, não implicam maior risco de hospitalização, enfatizam os autores dinamarqueses.

No outro estudo, da Universidade de Colúmbia Britânica, no Canadá, foram acompanhados 95 pacientes graves de covid-19, hospitalizados em Vancouver.

Os grupos sanguíneos A e AB estiveram mais associados a um risco de evolução grave da doença, necessitando mais frequentemente de respiração artificial, ou de diálise por insuficiência renal. Além disso, os tipos A e AB tenderam a necessitar internações mais longas em UTIs do que os de sangue O ou B.

Não é a primeira vez que pesquisas científicas associam a suscetibilidade à doença respiratória e sua evolução aos grupos sanguíneos. Já em março, um estudo – não submetido a revisão independente (peer review) – concluiu na China que os portadores de sangue tipo A eram mais facilmente infectados.

Em seguida, com base em dados médicos de 750 mil indivíduos, a companhia de biotecnologia 23andMe divulgou que os de tipo O estariam entre 9% e 18% mais expostos a contrair o novo coronavírus.

Em junho, pesquisadores alemães e noruegueses divulgaram resultados após acompanharem 1.610 pacientes graves de epicentros de covid-19 na Espanha e Itália. Eles examinaram determinados trechos do DNA onde ocorrem mutações genéticas frequentes, e as características observadas foram comparadas com amostras de sangue de 2.205 indivíduos saudáveis.

Os pertencentes ao grupo sanguíneo A manifestaram risco 45% mais alto de uma evolução grave, com duas vezes mais chances de necessitarem oxigênio ou respiração artificial. Em contrapartida, o sangue O teria uma espécie de efeito protetor, implicando riscos 35% menores.

Alguns especialistas sugerem que a associação possa se dever aos diferentes anticorpos produzidos pelos diferentes tipos sanguíneos, ou como esses podem afetar a capacidade de coagulação. Por outro lado, outras pesquisas – como a realizada pela Harvard Medical School (HMS), em Massachusetts, e pelo Columbia Presbyterian Hospital, de Nova York – não encontraram qualquer correlação.

Embora no estudo de Harvard se tenha evidenciado uma maior probabilidade entre os tipos B e AB, fator Rh positivo, de testarem positivo para o coronavírus, constatou-se também que até mesmo pacientes sintomáticos do grupo sanguíneo O tendiam menos a apresentar resultados positivos nos exames.

“Esses resultados precisam ser explorados mais a fundo, para determinar se há algo inerente nesses tipos sanguíneos, potencialmente capaz de conferir proteção ou reduzir o risco para os indivíduos”, declarou a principal autora do estudo, Anahita Dua.

// DW

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