Os Estados Unidos disseram nesta segunda-feira (13) nas Nações Unidas que a Venezuela é cada vez mais um “narcoestado violento” que representa “uma ameaça” para o mundo. A afirmação foi feita pela embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, em reunião informal do Conselho de Segurança sobre a crise venezuelana.
Haley criticou que vários membros do Conselho tenham optado por não participar do encontro e afirmou que isso ocorreu por causa de uma “pressão” do governo da Venezuela. Segundo a diplomata, o fato de o governo de Nicolás Maduro ter buscado limitar a participação na reunião é prova de que é “culpado” dos problemas existentes no país.
Haley denunciou que a Venezuela vive uma das situações mais trágicas do mundo, mas ressaltou que a crise é mais do que uma tragédia humana, representando uma “ameaça direta à paz e à segurança internacional”.
A embaixadora americana acusou o governo de Maduro de ser uma ditadura, usando a violência e a repressão em massa. “Estamos observando. Eles não nos enganam. O mundo está cada vez mais unido nos esforços para restaurar os direitos humanos e a liberdade fundamental no país. A justiça chegará à Venezuela“, disse Haley.
“Ato hostil”
A Venezuela classificou de “ato hostil” a reunião informal do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a crise venezuelana, considerando que se destina a fazer cumprir a “agenda política” dos Estados Unidos.
“É um ato hostil dos Estados Unidos e um ato de ingerência que vai contra o princípio da soberania”, afirmou o embaixador venezuelano na ONU, Rafael Ramírez, em declarações aos jornalistas na sede da organização, em Nova York.
Ramirez estava acompanhado dos embaixadores da Bolívia, China e Rússia, que fazem parte do Conselho de Segurança e se recusaram a participar da reunião informal. O representante venezuelano considerou a reunião ilegal e afirmou que é “uma clara violação dos princípios da Carta das Nações Unidas”.
O governo da Venezuela repudiou também as sanções impostas pela União Europeia (UE), considerando que a decisão pretende “impor medidas ilegais, absurdas e ineficazes” contra o povo do país.
A UE decidiu também nesta segunda-feira, por unanimidade, aplicar sanções à Venezuela, incluindo um embargo de armas e outro material “que possa ser usado para a repressão interna”, e adotou o quadro legal para impor medidas contra os responsáveis.
“Complementarmente aos esforços políticos e diplomáticos com vista a uma solução pacífica negociada para a crise política, o Conselho decidiu por unanimidade adotar medidas restritivas, destacando sua preocupação com a situação no país”, lê-se nas conclusões sobre a situação na Venezuela.
“Estas medidas serão usadas de uma forma gradual e flexível e podem ser alargadas, visando aqueles envolvidos no desrespeito pelos princípios democráticos ou Estado de direito e na violação de direitos humanos”, acrescenta o documento.
“As medidas podem ser revertidas, dependendo da evolução da situação no país, em particular na realização de negociações credíveis, respeito pelas instituições democráticas, adotação de um calendário eleitoral completa e libertação de todos os prisioneiros políticos”, consta ainda nas conclusões adotadas pelo Conselho.