Europa volta a ser o epicentro da pandemia

Simone Venezia / EPA

OMS pede que países ampliem campanhas de vacinação após aumento exponencial de casos de covid-19 em todo o continente. Nações mais afetadas são justamente as que mais removeram restrições para conter o coronavírus.

Autoridades da Organização Mundial da Saúde (OMS) alertaram nesta quinta-feira (04/11) para o fato de que a Europa registrou um salto de mais de 50% nos casos de covid-19 no mês passado, fazendo com que o continente voltasse a ser o epicentro da pandemia no mundo.

Isso ocorre apesar do amplo estoque de vacinas nos países europeus. O diretor de emergências da OMS, Michael Ryan, afirma que, mesmo com grandes quantidades disponíveis, a aceitação dos imunizantes é desigual entre as populações. Ele pediu que os governos europeus trabalhem para “fechar essas lacunas”.

A Europa está de volta ao epicentro da pandemia, onde estávamos há um ano”, alertou o diretor da OMS para a Europa, Hans Kluge.

Segundo observou, os índices de hospitalização mais do que dobraram na semana passada, o que pode fazer com que a região – que inclui 53 países e se estende até a Ásia Central – venha a ter outras 500 mil mortes até fevereiro.

A OMS Europa registrou quase 1,8 milhão de novos casos semanais da doença, o que significa um aumento de 6% em relação à semana anterior. No mesmo período, foram contabilizadas 24 mil mortes, o que representa uma alta de 12% na contagem semanal de óbitos.

Kluge ressaltou que os índices de vacinação apresentam grande variação entre os países. No total, 47% das pessoas na região possuem esquema vacinal completo, mas apenas oito países contam com mais de 70% de suas populações totalmente vacinadas.

Vacinação evitou mais mortes e hospitalizações

Esta foi a quinta semana consecutiva com registros de aumento nas infecções ao longo do continente, fazendo da Europa a única região do mundo onde os números da covid-19 ainda crescem.

A diretora de emergências da OMS Europa, Catherine Smallwood, explicou que os países que registraram aumentos nas infecções foram justamente os que mais removeram restrições para conter o coronavírus.

A vacinação evitou com que essas nações registrassem taxas de mortalidade ou de hospitalização ainda mais altas. “Mas, quanto mais casos tivermos, mais pessoas terão de ser internadas e, no final, mais pessoas acabarão morrendo”, afirmou Smallwood.

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA), responsável pela análise e aprovação das vacinas utilizadas no continente, fez um apelo para que as pessoas aceitem ser vacinadas.

“A situação epidemiológica na Europa é bastante preocupante com a aproximação do inverno, quando costumam aumentar os índices de infecção”, afirmou o diretor de estudos clínicos da entidade, Fergus Sweeney.

“É muito importante que todos se vacinem ou completem suas vacinações“, ressaltou. “Não estaremos protegidos até que todos estejam protegidos.”

Países voltam a impor restrições

A Alemanha registrou nesta quinta-feira um recorde diário de novos casos desde o começo da pandemia, superando a marca estabelecida em dezembro de 2020.

O Instituto Robert Koch (RKI), a agência de controle e prevenção de doenças do país, contabilizou 33.949 novas infecções em 24 horas. Na quinta-feira anterior, haviam sido registrados 28.037 novos casos diários.

As duas nações do leste da União Europeia (UE) com índices mais baixos de vacinação, a Romênia (37,2%) e a Bulgária (25,5%), registraram os números diários de mortes mais altos desde o início da pandemia.

Letônia, Lituânia e Estônia, que estão entre os países com registros mais altos de novos casos diários, já enfrentam sobrecargas nos sistemas de saúde.

Cada vez mais, os países do leste da Europa restabelecem medidas de restrição, como a imposição de um toque de recolher na Letônia e a proibição do acesso de pessoas não vacinadas a eventos públicos na Estônia.

Diversas regiões da Rússia cogitam ampliar as restrições para conter o aumento das infecções, que já levou o governo em Moscou a reimpor um lockdown parcial no país.

Na Europa Ocidental, a Bélgica anunciou a volta de algumas medidas a partir desta segunda-feira, com o retorno da obrigatoriedade do uso de máscaras em ambientes internos e incentivos ao trabalho remoto.

A Holanda, que também registrou um aumento exponencial de casos da doença, também reforçará a partir deste sábado as medidas para conter as transmissões do coronavírus, inclusive ao permitir o acesso a locais públicos somente para as pessoas que possuem certificados de vacinação.

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