OMS alerta para ressurgimento da pandemia na Europa

Organização afirma que, se transmissão do coronavírus não for controlada, sistemas de saúde europeus poderão ficar à beira do colapso. Alemanha e França reforçam apoio à agência, com Berlim prometendo € 500 milhões.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou nesta quinta-feira (25/06) para um “ressurgimento significativo” de casos de covid-19 na Europa, após meses de queda no número de novas infecções.

“Pela primeira vez em meses, houve um aumento do número semanal de casos”, afirmou o diretor regional da OMS para a Europa, Hans Kluge, apontando que 30 países europeus registraram uma alta das infecções nas últimas duas semanas.

“Em 11 desses países, a aceleração da transmissão levou a um aumento significativo [das infecções], o qual, se não for controlado, deixará mais uma vez os sistemas de saúde na Europa à beira do abismo“, advertiu Kluge, em coletiva de imprensa online. Ele não mencionou nenhum país específico ou números de casos nacionais.

De acordo com a OMS, atualmente são registrados todos os dias na Europa quase 20 mil novos casos de covid-19 e mais de 700 mortes em decorrência da doença causada pelo novo coronavírus.

Na Alemanha, entre 500 e 770 novos foram relatados por dia nos últimos sete dias. De acordo com o Instituto Robert Koch (RKI), responsável pelo controle e prevenção de doenças no país, mais de 192 mil pessoas contraíram o coronavírus na Alemanha até esta quinta-feira, e 8927 pessoas morreram em decorrência da infecção.

Um número particularmente elevado de novos casos na Alemanha foi registrado recentemente no frigorífico Tönnies em Rheda-Wiedenbrück, no distrito de Gütersloh, no oeste do país. Mais de 1.550 funcionários já foram diagnosticados com covid-19. Como resultado, as autoridades impuseram restrições maciças à vida pública em Gütersloh e no distrito vizinho de Warendorf.

Kluge elogiou países como Alemanha, Polônia, Espanha e Israel pela forma como vêm lidando com a pandemia. Segundo o diretor regional da OMS, estes países reagiram rapidamente a novos surtos em escolas, minas de carvão e fábricas de alimentos nas últimas semanas, controlando-os por meio de “intervenções rápidas e direcionadas”.

Até o momento, o país europeu mais afetado pela pandemia é o Reino Unido, onde já foram contabilizados mais de 308 mil casos e 43.165 mortes por covid-19, segundo levantamento da Universidade Johns Hopkins. O país é o terceiro do mundo em número de infecções e de óbitos, atrás dos EUA e do Brasil.

No continente europeu, Espanha, Itália e França também foram duramente atingidos pela pandemia. Os três países e a Alemanha estão entre os 15 com mais casos de covid-19 registrados. No total, mais de 9,4 milhões de pessoas já foram diagnosticadas com o vírus no mundo, 483 morreram em decorrência da doença, e 4,7 milhões se recuperaram.

França e Alemanha reforçam apoio à OMS

Também nesta quinta-feira, França e Alemanha expressaram apoio político e financeiro à OMS em sua luta contra o coronavírus. Berlim anunciou que fará uma contribuição recorde de 500 milhões de euros à instituição neste ano.

“Respostas nacionais isoladas a problemas internacionais estão fadadas ao fracasso”, disse o Ministro da Saúde alemão, Jens Spahn. “A Alemanha fará a sua parte para dar à OMS o apoio político, financeiro e técnico necessário. Isso vem acompanhado da expectativa de que os desafios remanescentes sejam abordados de maneira adequada e de que as reformas necessárias sejam impulsionadas.”

A França disse que doaria 90 milhões de euros a um centro de pesquisa da OMS em Lyon, além de prometer uma contribuição adicional de 50 milhões de euros à agência.

“Eu realmente acredito que o mundo precisa, mais do que nunca, de uma organização multilateral”, disse o ministro francês da Saúde, Olivier Veran. “Precisamos de uma resposta global [à covid-19], e só a OMS pode dar essa resposta.”

“Estamos recebendo hoje todo o apoio de que necessitamos, politicamente e financeiramente. Tanto a Alemanha como a França são amigos de longa data da OMS e da saúde global”, disse o chefe da agência, Tedros Adhanom Ghebreyesus”, em coletiva de imprensa.

No fim de maio, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que os EUA estavam cortando seus laços com a OMS, afirmando que a entidade fracassou ao lidar com a pandemia de covid-19 e se baseou demasiadamente em informações fornecidas pela China. Trump, no entanto, ainda não notificou a agência formalmente.

Os EUA são os maiores doadores individuais da OMS, tendo contribuído com mais de 400 milhões de dólares em 2019, o que equivale a cerca de 15% do orçamento da entidade.

No início de junho, o presidente Jair Bolsonaro seguiu o exemplo de Trump e afirmou que o Governo brasileiro pode deixar a organização. Segundo Bolsonaro, a OMS atua com “viés ideológico”.

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