Há um fármaco capaz de ser a próxima arma poderosa na luta contra a malária. Cientistas do Quênia e do Reino Unido afirmam que a ivermectina, uma substância antiparasita comumente usada no combate a verminoses, torna o sangue um verdadeiro veneno para os mosquitos transmissores da doença.
As taxas de malária estão caindo drasticamente, uma queda nunca verificada até então. No entanto, a doença ainda atinge mais de 200 milhões de pessoas por ano, principalmente em países em desenvolvimento, tendo sido responsável por quase meio milhão de mortes no ano de 2015, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Além disso, há suspeitas de que a resistência à artemisinina, usada para combater a malária, possa continuar se espalhando para além do sudeste da Ásia.
A esperança pode estar na ivermectina, um fármaco barato e de fácil acesso, tendo em conta a sua prevalência. No estudo, publicado em março na The Lancet, os cientistas deram a 47 pacientes com malária doses de 600 miligramas de ivermectina durante três dias consecutivos.
A dosagem é três vezes superior à dosagem normal, mas os pesquisadores não hesitaram, tendo em conta a existência de poucos efeitos secundários. A alta dosagem faz com que o sangue se torne mortal para os mosquitos. Outro grupo recebeu uma dosagem de 300 miligramas por dia, mas o efeito não se revelou tão forte.
De acordo com os resultados, 97% dos mosquitos morreram depois de terem sugado o sangue dos pacientes medicados com ivermectina e o sangue permaneceu mortal durante 28 dias, destaca a Discover Magazine.
No entanto, ao longo da experiência, alguns pacientes relataram alguns efeitos colaterais. Resta agora saber o quão segura a ivermectina é para as crianças, principalmente em dosagens tão altas. Os autores notam que todos os participantes eram pacientes com malária, razão pela qual os efeitos poderiam diferir em pessoas saudáveis.
Além disso, começam também a surgir preocupações associadas com a resistência à ivermectina. Se o uso começar a ser generalizado, os mosquitos podem começar a desenvolver imunidade.
É por esses motivos que os autores da pesquisa defendem a realização de mais estudos, de modo a comprovar se esse é um meio eficaz de erradicar a malária. Apesar disso, a experiência abre portas a novas ferramentas para combater a doença.
Ciberia // ZAP