No dia 15 de novembro de 2017, um terremoto de magnitude de 5,5 abalou Pohang, no sul do país, fazendo quase 100 feridos e danificando milhares de edifícios, num prejuízo estimado de milhões de dólares. Agora, segundo estudos acadêmicos citados pelo The Guardian, o tremor pode ter sido causado por fracking.
Segundo o jornal, durante dois anos, um projeto local de energia geotérmica injetou água altamente pressurizada em poços de 2 a 4 quilômetros de profundidade.
O processo, conhecido como fracking, ou fraturamento hidráulico, é uma técnica controversa que cria ou aperfeiçoa fraturas nas rochas para aproveitar o calor armazenado dentro delas.
Uma vez que a rede de fraturas estava ligada a dois furos, o plano era bombear água para um deles, fazendo-a circular através da rocha de granito, absorvendo o calor e, depois, extraí-la através do outro furo, usando o calor para gerar eletricidade. Depois, a água fria voltava a ser injetada para recomeçar o processo.
As ligações propostas de causa-efeito agora identificadas fazem do terremoto de Pohang o maior registro para o qual o fracking é a causa provável.
O record anteriormente registrado estava ligado ao desenvolvimento geotérmico – de magnitude 3,4 – ocorrido há uma década na cidade de Basileia, na Suíça, explica Rob Westaway, cientista da Universidade de Glasgow, em artigo no The Conversation.
Dez dias após o terremoto ter assolado a cidade de Pohang, o governo sul-coreano suspendeu as operações que usavam energia geotérmica e ordenou uma investigação sobre uma possível ligação, que ainda se encontra em andamento.
O primeiro dos dois artigos contou com a colaboração de diversos pesquisadores da Suiça, Alemanha e Reino Unido. E, para a realização, foram utilizados dados de domínio público de sismógrafos e satélites remotos de sensoriamento para determinar a localização e a posição da falha geológica em causa no terremoto.
Em ambos os dados analisados, as conclusões indicam a ruptura de uma falha que vai do sudoeste para o nordeste, mergulhando abruptamente a noroeste. De acordo com as gravações dos satélites, a rocha localizada acima da falha se moveu para cima, levantando a superfície da Terra em quatro centímetros.
A análise indica que a falha está numa faixa de profundidade entre três e seis quilômetros, abrangendo a profundidade da injeção e passando dentro de centenas de metros dos furos. Assim, os dados sugerem fortemente uma conexão entre a injeção de fluído de alta pressão e o terremoto.
Já o segundo artigo, elaborado por cientistas coreanos, explica que a localização de muitas das réplicas do terremoto de Pohang, define com mais precisão o plano da falha. A pesquisa mostra a falha passando entre as bases dos dois furos onde a água foi injetada, cortando através de um poço a uma profundidade de cerca de três a quatro quilômetros.
As conclusões dos trabalhos são consistentes entre si, apesar dos diferentes tipos de dados utilizados, podendo indicar que o fraturamento foi a causa do terremoto.
Ciberia // ZAP