Um novo relatório científico que confirma que as vacas não enjoam com as oscilações de estarem a flutuar deverá dar finalmente luz verde a uma obra que estava desde o ano passado em banho-maria: a Holanda vai ter a primeira vacaria flutuante do mundo.
Uma plataforma de 1.200 metros quadrados sobre a água, num dos inúmeros canais de Roterdã, com 40 vacas e capaz de produzir 1.500 litros de leite, vai ser assim a primeira vacaria flutuante do mundo.
O projeto inovador e amigo do ambiente Floating Farm ainda não saiu do papel, mas depois de um grupo de pesquisadores da Universidade de Utrecht, na Holanda, ter garantido que as vacas não enjoam em águas oscilantes, a Prefeitura de Roterdã deverá finalmente dar seu aval à construção.
A decisão do município deve ser tomada ainda em novembro, de acordo com o canal de televisão holandês RTV Rijnmond, que noticia a pesquisa feita pelos acadêmicos depois de uma solicitação do Partido dos Animais de Roterdã, que temia pela saúde dos animais.
A RTV Rijnmond realça que, entre os argumentos científicos apresentados, se salienta o fato de, todos os anos, milhões de vacas serem enviadas por mar para a Austrália e para os EUA.
Piso suave para as vacas e robôs que limpam esterco
Esta vacaria flutuante é uma ideia da Beladon, empresa que se dedica a projetos flutuantes sustentáveis, em parceria com a plataforma de inovação patrocinada pela indústria de produção de leite da Holanda e com o projeto Uit Je Eigen Stad (algo como “da sua própria cidade”, na tradução para português), que visa aproximar os moradores de Roterdã da comida que consomem.
A construir no complexo portuário de Merwedehaven, numa zona industrial repleta de canais, a obra inovadora surge como resposta à escassez de terrenos agrícolas, algo particularmente marcante num pequeno território como é o da Holanda, mas também como uma alternativa de futuro.
O projeto está orçado em 2,5 milhões de euros (cerca de R$ 8,5 milhões) e prevê uma infra-estrutura totalmente auto-suficiente, que vai permitir a produção diária de cerca de 1.500 litros de leite por dia que será pasteurizado e processado em iogurte na fábrica de laticínios que ficará situada por baixo do andar onde as vacas comem e dormem.
Apetrechada com um piso suave, para conforto das vacas, esta vacaria inovadora flutuante também terá árvores artificiais, adornadas com heras verdadeiras, e vai utilizar energia solar e armazenar água da chuva para reciclagem.
O esterco dos animais será recolhido por robôs e será transferido para unidades fertilizantes e a limpeza das vacas será feita por uma máquina.
Com estruturas de aço galvanizado, a obra inclui um piso especial apetrechado com uma membrana que absorve completamente a urina do gado. A água da urina será purificada e usada para fazer crescer erva para alimentar os animais.
Também terá um sistema de luzes LED para motivar um crescimento mais rápido da erva.
No andar da fábrica de laticínios ficará ainda um laboratório de alta tecnologia para fazer investigação no âmbito da produção de alimentos e da gestão de resíduos.
Os animais vão poder caminhar livremente pelo espaço, dentro da plataforma flutuante, e até vão poder sair para um pasto verdadeiro, em terra, localizado mesmo ao lado da vacaria flutuante.
A Beladon destaca como grande particularidade deste projeto o fato de reduzir as infra-estruturas de transporte e de logística e de, assim, ajudar a salvar o ambiente, ao reduzir a emissão de gases com efeitos de estufa.
A empresa, especializada em projetos flutuantes e que já criou, neste modelo, um terminal de cruzeiros, um hotel e um clube noturno, pretende, depois da sua vacaria flutuante, lançar um aviário flutuante.
Desafio esse que parece muito menos complexo do que colocar vacas de 800 quilos numa plataforma na água.
SV, ZAP