Lady Diana Spencer era alta, bonita e gostava de música. Por causa de sua linhagem, ela tinha os atributos vistos na época como ideais para ser a esposa perfeita de qualquer aristocrata, mas estava prometida ao príncipe de Gales.
No entanto, desde cedo ela sofreu com a perda de entes queridos e estava destinada a morrer jovem. E seu nome só voltaria a ser lembrado 190 anos depois de sua morte.
Lady Diana Spencer, nascida em 1710, foi antepassada da lady Diana Spencer que 750 milhões de pessoas em todo o mundo viram em 1981 casar-se com Charles, o príncipe de Gales, e cuja morte em um acidente de carro foi lamentada no mundo todo há 20 anos, em 1997.
A lady Diana do século 20 foi mesmo batizada de Diana em homenagem à antepassada do século 18, mas a história de sua parente distante ainda é pouco conhecida.
Diana, a do século 18, era a mais nova dos cinco filhos do conde e da condessa de Sunderland, Charles e Anne Spencer. A “querida e pequena Di“, como era chamada carinhosamente, perdeu a mãe quando tinha 6 anos. No século 20, a segunda Lady Diana deixou de viver com a mãe aos 7 anos, quando seus pais se divorciaram.
Seu pai, que voltou a se casar e teve outros três filhos que morreram na infância, faleceu quando Diana tinha apenas 12 anos. Pouco depois morreu também seu avô, o duque de Marlborough, e Diana ficou sob os cuidados de sua avó, a duquesa Sarah Churchill – uma das mulheres mais poderosas da Inglaterra e amiga íntima da rainha Anne.
Diana era sua neta favorita. Com o passar dos anos, ela se tornou uma jovem alta, atraente e encantadora, inseparável de sua influente avó, de quem cuidava.
Com isso, Diana se tornou a noiva mais cobiçada do Reino Unido na época. Todas as propostas de casamento que recebeu, no entanto, foram rejeitadas por sua avó, que tinha planos mais ambiciosos.
Aproveitando que o príncipe de Gales, Frederick, filho mais velho do rei George 2º, estava endividado, a avó de Diana ofereceu a ele cerca de 100 mil libras – uma soma extravagante na época – para que se casasse com sua neta em uma cerimônia secreta.
O príncipe aceitou e tudo corria como o planejado, até que espiões do primeiro-ministro, Robert Walpole, o alertaram. O governo preferia que o futuro rei se casasse com uma europeia, e a eleita era a princesa Augusta de Saxe-Coburgo-Gota, um ducado do Sacro Império Romano-Germânico, que tinha apenas 16 anos.
Por razões diplomáticas, Lady Diana Spencer acabou não se casando com o príncipe – diferentemente de sua descendente, dois séculos depois.
Má sorte
A “pequena Di” acabou se casando com o lorde John Russell, e eles se tornaram o duque e a duquesa de Bedford.
Por causa de um acidente com uma carruagem, seu primeiro filho nasceu prematuro e morreu um dia depois de seu batizado. Em registros da época, foi revelado que outro bebê foi colocado no lugar do filho de Diana até que ela tivesse “força suficiente” para saber de sua morte.
Em sua segunda gravidez, Diana sofreu um aborto espontâneo, e a ansiedade do duque por um herdeiro fez com que ela se sentisse cada vez mais sob pressão.
Em 1735, a duquesa começou a ter enjoos matinais, que acreditava significarem a terceira gravidez. Mas ela começou a perder peso rapidamente, em vez de ganhar. Logo ficou claro que Diana havia contraído tuberculose. Ela morreu pouco depois, aos 25 anos.
A exemplo do que ocorreu com a lady Di no século 20, a morte da duquesa de Bedford foi profundamente lamentada pelos que a conheciam. Seu caixão desfilou pelas ruas em uma carruagem antes do enterro.
Só em 1765, 30 anos depois de sua morte, o rei George 3º – filho do príncipe Frederick – criou o título de conde Spencer para a família de lady Diana. Das várias gerações que se seguiram, a 8ª, do conde John Spencer, o pai de Diana, foi a primeira a usar o nome para uma menina.
Isso ocorreu no dia 1º de julho de 1961, quando John Spencer e Frances Roche resolveram homenagear a antepassada no nascimento de sua quarta filha. Esta, sim, acabaria se casando com o príncipe de Gales do século 20 e tendo dois filhos, William e Harry. O casamento, no entanto, acabou em divórcio – e na tragédia que todos lamentam.
// BBC