Detectar a obesidade a partir do espaço: sim, é possível. Pesquisadores estabeleceram recentemente uma relação de causalidade entre edifícios e espaços verdes e a prevalência da obesidade em uma cidade.
A obesidade se tornou um problema de saúde comum e uma preocupação mundial. Influenciada por uma série de fatores, como o ambiente físico e urbano em que vivemos, a obesidade é uma ameaça que tem sido alvo de vários estudos por parte da comunidade científica.
Agora, os cientistas usaram a Inteligência Artificial (IA) e imagens de satélite de cidades dos Estados Unidos para mapear a relação entre o ambiente urbano e a obesidade. Em outras palavras, detectar a obesidade a partir do espaço.
“Propomos um método para avaliar de forma abrangente a associação entre a prevalência da obesidade em adultos e o ambiente construído que envolve a extração de características físicas da vizinhança a partir de imagens de satélite de alta resolução”, explicou a equipe em um novo artigo, publicado no JAMA Network.
Pesquisadores da Universidade de Washington recorreram a cerca de 150 mil imagens de satélite de alta resolução do Google Maps e alimentaram uma rede neural convolucional (CNN), um tipo de inteligência artificial que usa a aprendizagem para analisar e identificar independentemente padrões dentro do conjunto de dados disponíveis.
A experiência evidencia o potencial de uma ferramenta que recorre a imagens captadas no espaço para fazer estimativas relativamente à obesidade da população de uma cidade. Mas como? Os algoritmos dessa rede neural foram treinados para detectar espaços verdes, estradas ou dimensões e tipologia de edifícios.
A este tipo de dados urbanos foi somada informação relativamente aos rendimentos das famílias que vivem nos diferentes bairros. Com essa informação, os pesquisadores conseguiram apurar se uma determinada cidade está ou não devidamente equipada para potencializar o exercício físico da população. Este dado facilitou, por sua vez, a tarefa de apurar dados quanto à obesidade média de uma cidade.
Apesar de não ser a primeira vez que os cientistas fazem algo desse gênero, esta é a técnica e o esforço mais abrangente até agora.
Segundo o ScienceAlert, as características do ambiente explicaram quase dois terços (64,8%) da variação da prevalência de obesidade, embora o nível de sucesso tenha variado de cidade para cidade (sendo o mais alto de 73,3%, em Memphis).
Esse tipo de análise com “olhos no céu” nunca é perfeito. Ainda assim, os cientistas estão confiantes de que o sistema pode ajudar na criação de uma ferramenta fácil e escalonável que permita facilitar a árdua tarefa dos cientistas de medir o risco de obesidade nos Estados Unidos.
Segundo os cientistas, as estimativas realizadas a partir da análise de imagens de satélites permitiram chegar a estimativas mais precisas do que aquelas que já são feitas a partir do número de restaurantes e ginásios existentes em uma determinada cidade.
Ainda assim, eles defendem que deve ser uma técnica complementar frente a outros métodos estatísticos. “Entender a associação de funções específicas do ambiente edificado e a prevalência da obesidade pode levar a mudanças estruturais que podem encorajar a atividade física e a prevalência da obesidade”, concluem os pesquisadores.
Ciberia // ZAP