Mais de 500 jovens, representantes de mais de 140 países, ocuparam nesse sábado (21) o espaço habitualmente destinado aos diplomatas da ONU.
A primeira cúpula da juventude sobre o clima, em Nova York, aconteceu fortalecida pelas enormes manifestações contra o aquecimento global nas ruas do mundo todo na sexta-feira (21). Os jovens propõem soluções concretas e exigem dos chefes de Estado medidas para frear consideravelmente as mudanças climáticas.
Duas gerações inauguraram o dia de debates na sede das Nações Unidas. A primeira foi representada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, grande organizador desse encontro que culminará com a cúpula do clima dos líderes mundiais na segunda-feira (23).
A segunda, a ativista sueca Greta Thunberg, representava a maioria dos participantes. “Mostramos que estamos unidos e que os jovens são imparáveis”, disse ambientalista de 16 anos. Ela ficou conhecida por suas greves às sextas-feiras em frente ao Parlamento sueco, sob o lema “Sextas pelo Futuro”, que se transformaram em um movimento mundial.
A sueca preferiu dar mais espaço para a fala de representante de outros continentes e foi o discurso do argentino Bruno Rodríguez, de 19 anos, que expressou melhor a indignação da juventude mundial.
“Muitas vezes ouvimos dizer que nossa geração deve resolver os problemas criados pelos atuais governantes, mas não vamos esperar passivamente. Chegou a hora de sermos os líderes”, disse o fundador da organização Jovens pelo Clima Argentina. “Basta! Não queremos mais combustíveis fósseis!”, afirmou
Energia rara
Segundo a correspondente da RFI em Nova York, Carrie Nooten, raramente se viu nos corredores da ONU tanta energia e tantas soluções concretas. Os participantes puderam apresentar tanto projetos tecnológicos quanto naturais que eles criaram em seus países para combater as mudanças climáticas.
“Há muito tempo pedimos um lugar à mesa dos que tomam as decisões”, disse aos jovens líderes Jayathma Wickramanayake, enviada para a juventude do secretário-geral da ONU. “Hoje, são os líderes que estão pedindo para negociar com vocês”, completou.
A jovem Kamal Karishma Kumar, de Fiji, ressaltou que, para as ilhas do Pacífico combater as mudanças climáticas “é uma questão de sobrevivência””. “Não queremos que as gerações futuras afundem com nossas ilhas”, afirmou.
Em nome dos 625 milhões de jovens africanos, o queniano Wanjuhi Njoroge lembrou que os países da África são os que emitem menos gases de efeito estufa, mas os que mais sofrem com as consequências do aquecimento global. Ele pediu acima de tudo apoio financeiro “para trabalhar na mitigação e adaptação às mudanças climáticas”.
Ativistas brasileiros participaram da cúpula. A líder indígena Artemisa Barbosa Ribeiro, que defende os direitos de seu povo, e João Henrique Alces Cerqueira, estudante de engenharia ambiental e militante ecologista de 27 anos, que foi um dos 100 jovens “campeões do clima” que receberam o chamado “tíquete verde” da ONU.
Sentado entre os jovens, Guterres pediu para que eles continuem a lutar e exigir que os líderes prestem contas sobre seus planos para o clima. “Ainda estamos perdendo a corrida frente ao aquecimento global, ainda existem subsídios para as energias fósseis e centrais de carvão (…). Mas há uma mudança na dinâmica devido, em grande parte, a sua iniciativa e à coragem com que vocês começaram esse movimento”, afirmou.
Na sexta-feira, cerca de 4 milhões de jovens foram às ruas de mais de 5 mil cidades em 163 países do planeta, segundo os organizadores, para participar do maior protesto da história na luta contra as mudanças climáticas.
Cúpula dos líderes mundiais
A cúpula da juventude abriu a cúpula do clima da ONU, que será encerrada nesta segunda-feira com uma plenária dos chefes de Estado. Os líderes mundiais começam a chegar neste domingo a Nova York para participar do evento e da Assembleia Geral da ONU na terça-feira (24).
O presidente dos EUA, Donald Trump, chega a cidade hoje, mas tal como o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, não participarão da cúpula sobre ações climáticas. O motivo, segundo o secretário-geral da ONU, António Guterres, é que não mostraram interesse.
Representantes de mais de 60 países participam do encontro e novos anúncios para conter o aquecimento global são esperados.
A ação brasileira no combate aos incêndios na Amazônia e pela defesa da floresta deve ser alvo de críticas. O presidente francês Emmanuel Macron vai afirmar sua ambição climática, como fez na cúpula do G7 de Biarritz quando criticou duramente Bolsonaro.
A chegada do presidente brasileiro a Nova York está prevista para esta segunda-feira.
// RFI
Se esses jovens lutassem pela redução drástica do uso de smartphones pela mocidade, já estariam fazendo um grande benefício à humanidade.
Deveriam tentar ser líderes em assuntos em que tenham capacidade para interferir positivamente, de acordo com o seu baixo nível de maturidade.