Uma juíza da Bolívia ordenou nesta quarta-feira a prisão preventiva do médico que deixou sem rins uma criança boliviana devido a um suposto erro médico, em um caso de ampla repercussão internacional.
Segundo a estatal Agência Boliviana de Informação (ABI), a juíza Ana Gloria Rojas determinou a detenção preventiva do médico Róger Moreno no presídio de Palmasola, na cidade de Santa Cruz.
O advogado da família do menor, Felipe Hurtado, declarou à agência que “a juíza ordenou a detenção preventiva do médico em função dos antecedentes do médico e pelo fato de poder influenciar no processo estando em liberdade.
O médico operou na semana passada um menor de 3 anos, de nome Sebastián, a quem extirpou por engano o rim saudável e depois teve que retirar o segundo, que tinha um tumor cancerígeno.
A audiência cautelar foi realizada em um hospital de Santa Cruz no qual está internado o médico devido uma patologia cardíaca, sendo que já está sob custódia policial e deverá ingressar na prisão assim que se recuperar, de acordo com a ABI.
Os advogados do médico anunciaram que apelarão da decisão, que foi determinada depois que uma comissão de promotores acusou o médico por lesões graves e gravíssimas.
O menor se encontra no Hospital Infantil desta cidade, onde recebe tratamento de hemodiálise, e seu estado foi classificado como extremamente grave, já que o câncer também afeta seus pulmões, segundo dados do Serviço Departamental de Saúde em Santa Cruz.
O menino requer uma radioterapia para tratar primeiro as metástases que sofre nos pulmões, antes que possa estar em condições de submeter-se a um transplante de rim, de acordo com o serviço de saúde.
O caso de Sebastián teve uma ampla repercussão em meios de comunicação de vários países e comoveu a Bolívia a ponto de presidente do país, Evo Morales, anunciar ajudas para a família após confessar que o caso “doeu muito”.
O médico que operou o menino já foi processado em 2012 pela morte de um menor depois que esqueceu material cirúrgico dentro de seu corpo, mas não foi condenado.
O caso reavivou o debate na Bolívia sobre o endurecimento de penas por má prática médica, depois que o governo retirou no início do ano um projeto de reforma do Código Penal nessa linha, que desencadeou uma greve de médicos que durante um mês e meio pôs em xeque a saúde pública do país.
// EFE