Júpiter é o maior planeta do sistema solar. Assim, bem maior mesmo. Do tipo se você pegar todos os outros planetas e juntar suas massas, não chega nem aos pés dele. Nem mesmo metadinha.
Esse gigante de gás é tão digno de sua categoria que por pouco não se transformou em uma estrela: se tivesse 20 vezes mais massa, seria provavelmente pesado o suficiente para que a pressão e temperatura em seu núcleo iniciasse fusão nuclear e lançasse Júpiter no caminho para o estrelato.
Claro, ele seria apenas uma anã vermelha pequena, mas ainda assim uma estrela. O nosso sol, a título de comparação, é da classe G. Durante a sua evolução, estrelas supergigantes frequentemente caminham das classes O e B (azul) para as classes K ou M (vermelho). Enquanto fazem isto, elas passam pela G.
Por sorte, 20 vezes menor
Cerca de metade dos sistemas estelares conhecidos no universo são feitos de pares ou trios de estrelas. O nosso sistema solar só tem um astro-rei: o sol.
Esse quase não foi o caso, no entanto. Eu sei o que você está pensando – poxa vida, 20 vezes maior é muito maior. Claro, para você, sim.
Na escala do universo, contudo, não é nada. A maior parte do material que formou o sistema solar foi parar em Júpiter. Um pequeno aglomerado de rochas e materiais gelados, com provavelmente cerca de 5 a 10 vezes a massa da Terra, formou seu núcleo, que acumulou todo o hidrogênio e hélio circundante o mais rápido possível.
Devido a esse crescimento exponencial, não seria tão difícil assim para Júpiter terminar 20 vezes maior. Se você precisa de uma analogia recente para entender isso, é só pensar na velocidade com que a pandemia de Covid-19 se espalhou pelo globo.
E se…
Logo, se o nosso sistema solar fosse apenas um pouco diferente, Júpiter teria se tornado um segundo sol. E o que isso significa para a Terra?
Dois sóis não impediria a formação de outros planetas. Sabemos que eles existem em sistemas de estrelas binárias, por exemplo.
Mas isso tornaria a vida na Terra muito mais improvável, uma vez que os planetas que orbitam sistemas binários quase nunca alcançam aquele ponto ideal de temperatura necessário para a existência de água líquida em sua superfície. Ela normalmente evapora com o calor ou congela com o frio. Então, preferimos Júpiter como ele é, muito obrigado.
Os Júpiteres do resto do universo
Graças ao sucesso da missão Kepler, sabemos que existem muitos exoplanetas do tipo “Júpiter quente” no universo. Essa classe de planetas com massas comparáveis à de Júpiter e com períodos orbitais curtos é muito fácil de detectar, justamente pelo seu tamanho e por passar tantas vezes na frente de sua estrela (é através da diminuição do brilho nas estrelas que identificamos a presença de exoplanetas).
O limite de massa para um Júpiter quente é de cerca de 13,6 massas de Júpiter. Acima disso, o planeta já se transformaria em uma anã marrom.
Seus períodos orbitais são entre 1,2 e 111 dias terrestres, e essas órbitas são quase circulares, com baixa excentricidade. Esse tipo de planeta é raro em torno de anãs vermelhas, comum em torno de estrelas do tipo F e G, e menos comuns em estrelas do tipo K. Curiosamente, esses gigantes gasosos normalmente têm atmosferas exóticas, como nuvens feitas de óxido de alumínio e chuva de titânio. Embora sejam semelhantes, suas poucas diferenças podem ditar as estranhezas que vemos em suas atmosferas.
Esse conhecimento é tão rico que uma equipe de astrônomos até criou um “atlas de nuvens” para Júpiteres quentes, detalhando que tipo de nuvens e atmosferas podemos encontrar nesses monstros do universo. Interessante, não é mesmo?
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